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quarta-feira, junho 30, 2010

Atualizando e (hopefully) encerrando o assunto

Os quatro ciclistas de algum lugar em Clare (que eu nem quis saber), que afirmaram terem sido "quase" atropelados por um carro cinza de modelo não identificado, em alta velocidade, cuja placa é a mesma do carro prata de I. vão receber essa semana um relatório da polícia de Dublin com o depoimento que ele prestou ontem. A partir dai eles têm 6 meses para decidir se nos processam ou se aceitam o fato de que eles anotaram a porra da placa errada.

Como nesse caso no news is good news, nós esperamos não ouvir falar neles nunca mais.

Agradeço sinceramente todos os recadinhos deixados no post de segunda-feira expressando preocupação e carinho, e até mesmo oferecendo álibis. Alguns de vocês eu conheço pessoalmente mas estão longe, longe. Outros eu conheço só pelos respectivos blogs mas não são menos queridos. Tanto uns como os outros moram no meu coração.

Estando longe ou perto, sintam-se beijados, ainda que virtualmente.

N.

terça-feira, junho 29, 2010

Aquele com o primeiro presente

A coisa mais legal que me aconteceu na semana passada foi colocar a mão no bolso da jaqueta jeans que eu estava usando e encontrar esse isqueiro da foto aí de baixo.


Bom, qualquer fumante ou ex-fumante (eu estou ainda no in between) sabe que a coisa mais comum do mundo é encontrar isqueiro no meio das suas coisas. Acontece que o isqueiro em questão tem um grande valor sentimental pra mim. 

Ele foi o primeiro "presente" que eu ganhei de I. quando começamos a namorar, há pouco mais de um ano atrás. Nem foi comprado especialmente pra mim, era dele, mas como ele sabia que era minha cor preferida me deu dizendo que era o primeiro presente. Eu agradeci brincando e disse que guardaria para sempre. 

Guardei. Por uma semana ou duas, quando percebi que já não sabia mais onde ele estava. Na época fiquei bem chateada achando que tinha emprestado para alguém que tinha esquecido de me devolver. I. me consolou com a promessa de que mais (e melhores) presentes viriam. Eles vieram, mas aquele por mais bobo tinha sido o primeiro. Enfim, não tive escolha a não ser me conformar. Pelo menos até o dia em questão.

O engraçado é que na hora em que eu percebi que tinha achado algo no bolso e tirei para ver o que era, eu estava passando exatamente em frente ao Trinity College, onde nos conhecemos. E o isqueiro me foi dado há alguns poucos metros de distância, num final de junho, só que um ano atrás.

Feliz com a coincidência e por ter encontrado o isqueiro, não resisti e acabei chorando um pouquinho no meio da rua mesmo (ainda bem que estava de óculos escuros). E ao chegar em casa, coloquei o presente em lugar seguro.

Boba eu? Nem ligo.

N.

segunda-feira, junho 28, 2010

Aquele com a visita da polícia

Ontem o dia dos Sorensen foi interrompido por uma visita que acabou por estragar o que até então era só mais um domingo de ressaca.

Nos preparávamos para assistir Inglaterra x Alemanha quando a campainha tocou. Supresa número um, já que a campainha praticamente nunca toca. Para a surpresa número dois, era uma policial fardada. E a surpresa número três, ela procurava pelo meu marido.

Como achei muito estranho fui acompanhar a conversa da porta e me deparei com I. respondendo perguntas sobre o carro (de quem é, quem dirige, blá, blá, blá). Até aí só estranho mesmo. Só comecei a me preocupar quando a pergunta foi onde ele estava em 30 de Maio. Estava perto de Clare?

Como assim? Que dia foi 30 de Maio? Talvez estivéssemos em Killarney ou em Limerick? Mas perguntado assim na lata (depois de quase um mês) quem se lembraria do que fez naquele dia? Eu não. Nem tão pouco I. se lembrou na hora. Não nos ocorreu nem que mesmo que estivéssemos em Killarney ou Limerick não passaríamos por Clare.

Enfim, I. foi "convidado" a prestar esclarecimentos na delegacia amanhã. A policial ainda deixou claro, que não, ele não estava sendo preso (ah bom, porque isso vai me deixar mais calma, ahã). A acusação? Direção perigosa. Mais especificamente (o que ela só concordou em nos dizer depois de certa insistência), alta velocidade e "quase" atropelamento de um pedestre, seguido de fulga. Quatro pessoas (isso mesmo quatro) são testemunhas e afirmam que o carro era o nosso.

Acontece que naquele domingo nós não estivemos em Clare. Nós não estivemos nem perto de Clare. Na verdade não vamos à Clare desde setembro do ano passado! Estávamos em Dublin, ou seja, do outro lado do país. Eu até postei um texto no domingo (clique aqui)  e outro na segunda (clique aqui) sobre o fim-de-semana e o fato de que meu mau-humor nos impediu de fazer qualquer naquele dia.

Infelizmente, por termos passado o dia em casa não existe nada que possa provar que não saímos de Dublin (a não ser os emails de trabalho que ele enviou desse computador). Fosse no sábado talvez pudéssemos mostrar o extrato bancário da conta individual de I. que mostra que o cartão de débito dele foi usado diversas vezes por aqui (se você leu meus textos sabe que almoçamos na Lemon, fizemos compras na Hodges Figgs, etc., etc., etc.). Mas ao que parece, a Lei de Murphy impera.

O que até agora eu não consigo entender é como quatro pessoas podem ter visto um carro em Clare que  obviamente não saiu da garagem em Dublin!!!

Ah, desnecessário dizer, mas... I., que nunca tomou uma multa, que nem sequer buzina no trânsito está obviamente transtornado com o fato de ter que ir à delegacia depor.

Só espero que o mal entendido todo se resolva amanhã mesmo, e assim ter minha paz de volta.

N.

PS: para piorar o que já estava bem ruim, a Inglaterra fica fora da Copa e a Argentina segue.

PS2.: naquele mesmo post que eu citei aí em cima, eu dizia que meus domingos precisavam ser benzidos. Alguém ainda duvida?

domingo, junho 27, 2010

O começo do meu verão

Eu não sei exatamente quando começa o verão. Parece que oficialmente é no dia 21 de Junho, com o solstício de verão, ou seja, o dia mais longo do ano. 

Mesmo antes disso Dublin já vinha sendo presenteada com dias lindos de sol. Eu já tinha começado a tomar sorvete na rua sem tremer de frio depois, já tinha almoçado sentada na grama num parque, já tinha até usado vestido e rasteirinha.

Mas como pra mim verão na Irlanda só começa depois de comprar meus primeiros girassóis e tomar meu primeiro smoothie eu celebrei o início do meu ontem.



Assim como os irlandeses eu prefiro acreditar que um inverno rigoroso sempre vem seguido de um verão de muito calor. 

E que seja doce.

N.

sexta-feira, junho 25, 2010

Dilemas de noiva de segunda viagem

Pra começar: o vestido. Como um vestido de noiva encalhado no armário já é muita coisa, resolvi que ter dois nem pensar. O meu é simples, pode ser usado de dia, e ainda me traz as melhores lembranças. Então que ninguém espere surpresas. Se o marido é o mesmo, vestido idem.

A única coisa que me resta fazer é: experimentar (e torcer para que ainda me sirva!) e mandar lavá-lo (porque andar descalça num pub imundo no final da noite não ajudou a mantê-lo muito limpo).

Sapatos também nem vou me dar ao trabalho de comprar novos, porque vou tirá-los assim que sair da igreja e andar descalça mesmo (ou alguém me viu de sapato no casamento I?)

Uma vez que o vestido é o mesmo, eu queria pelo menos usar um cabelo diferente. Para felicidade (e insistência) do marido e da sogra, dessa vez ele vai ser preso. Gosto desses aí de baixo, que não são nem muito presos, nem soltos. 



O problema é que eles não combinam com véu. Então acabei achando esse aqui que acabou virando meu preferido:


Mas aí não sei se dá para se feito com o comprimento do meu cabelo. Então isso eu vou combinar com quem quer que seja que vá ficar responsável pela tarefa, já que vai ter que ser algum cabeleireiro de Killarney. E vou tentar nem me preocupar mais.

Outra das minhas preocupações eu espero resolver amanhã mesmo. A compra de uma pashmina, para caso não esteja tão quente assim (já que aqui na Irlanda, mesmo no verão, calor mesmo só quando o sol resolve aparecer). 

A idéia é que ela seja mesmo ivory (como o vestido) ou bem clara. Caso eu não encontre nada que combine, vou usar mesmo um pouco de cor (de preferência em algum tom clarinho de lilás).



Uma vez decidido isso, o último detalhe é o buquet que também vai ter que ser comprado em Killarney (adivinha por quem?). Da primeira vez escolhi lírios, mais especificamente callas roxas. Como elas são minhas flores preferidas (só perdendo para os girassóis, que eu cheguei a cogitar como opção), eu provavelmente vou escolhê-las de novo, dessa vez talvez brancas. 



E por último, a parte mais chata que é escolher as leituras e hinos para a missa, eu também quero ver resolvida nesse fim-de-semana. Mas isso eu vou acabar deixando a cargo de I. Só me resta informá-lo da tarefa. ;)

Acho que não me esqueci de nada. Ou esqueci?

N.

PS. comentários e/ou sugestões são muito bem-vindos!


quinta-feira, junho 24, 2010

Sobre casamentos e sogras

Faltam 30 dias a partir de hoje para o casamento parte 2 e estou tentando não me estressar com nada, ou praticamente nada. 

Em primeiro lugar porque por não ser o casamento "oficial" não rola muito estresse mesmo. Dessa vez parece que tudo não passa de uma desculpa para comemorar o fato de já estarmos juntos. 

Depois, porque desde o início queríamos uma coisa pequena e informal, só para a família e os amigos mais próximos. Eu que acho que gastar uma fortuna com casamento um desperdício, imagine só esbanjar no que é na verdade uma segunda festa. O dinheiro seria muito melhor gasto numa segunda lua-de-mel, na minha opinião. 

E last but not least, porque eu tenho a sogra faz-tudo. Foi ela quem conversou e agendou tudo com o padre. Só tive mesmo que mandar uma cópia do documento comprovando que nos casamos na igreja, com a devida tradução. A escolha da igreja em si, ela educadamente deixou pra nós.

Foi também ela, junto com meu sogro, que se encarregou da compra de todas as bebibas, o que exigiu uma ida rápida a França (onde vinho e champanhe saem muito mais em conta, e valem a viagem quando comprados em grande quantidade). Lá também ela se encarregou da compra de louças, taças e copos, já que a recepção vai ser oferecida na casa deles, em Killarney.

Julho, jardim, verão, casamento metade brasileiro metade irlandês, festa durante o dia, optamos então por um churrasco. 

A cargo da sogra também está portanto, tudo o que vai ser servido. Se é que eu já a conheço bem, ela vai passar horas na cozinha para que tudo tenha um toque pessoal. Com certa frequência recebo mensagens dela sobre o que ela comeu no restaurante tal dia e quer fazer para o casamento. E conhecendo bem a comida e o capricho dela, fica a certeza absoluta que eu não vou me arrepender de não ter contratado um buffet.

Outro dia a mensagem dizia que o bolo de casamento estava no forno.  Por aqui bolo de casamento tradicionalmente é fruit cake, e é feito mesmo com muita antecedência para ir pegando o gosto das frutas secas. 

E quando perguntei se ela achava que eu deveria usar véu ela se ofereceu para me fazer um. Com bordado de renda nas pontas.

Intrometida ela? Que nada, ela faz tudo com o maior cuidado para não parecer que ela quer fazer tudo sozinha. E nenhuma decisão foi tomada sem que fôssemos consultados.

Folgada eu? Talvez um pouco, mas por não estar na mesma cidade eu não poderia mesmo cuidar de muitos dos detalhes, não ao menos sem a ajuda dela. E outra, eu nunca a vi tão feliz e animada por estar participando de tudo tão de perto, dessa vez.

Pra mim sobrou mesmo umas poucas coisinhas, mas isso é assunto para um outro post.

E só para não deixar dúvida, eu tenho a melhor sogra do mundo.

N.

ps. eu sei bem que cada um nem sempre tem a sogra que merece, mas eu gosto de pensar que mereço a minha.

quarta-feira, junho 23, 2010

E hoje foi assim...

Acordo às 8h20 com I., como de costume. Tomamos banho e café-da-manhã. Quando ele sai para o trabalho passo meus 15 minutos lendo e-mails e dando uma olhadela nas notícias. 

Arrumada rápida na casa, e resto da manhã gasto passando roupa. 

Respondo os emails que se acumulam nas minhas caixas de entrada (por que é mesmo que eu preciso de três contas de email diferentes??). Como não tenho tempo hoje para fazer nada de almoço compro um sanduíche e saio comendo no caminho pro trabalho mesmo.

Pra chegar na Grafton (a escola, não a rua) tenho que caminhar por 40 minutos, ou pegar um ônibus que acaba dando uma volta danada e não economizo muito tempo. Dias lindos de verão, prefiro mesmo caminhar. 

Saio às 5 em ponto e enfrento aquele trânsito absurdo de pessoas andando pelo centro de Dublin. No caminho, parada no Tesco para comprar o jantar (salmão grelhado e salada - fácil, rápido, barato, e saudável). Vou pro caixa e me lembro que preciso dos ingredientes para a sopa de amanhã (se não tenho que voltar ao mercado logo cedo). Saio da fila. Como não é meu Tesco local (no mais próximo a minha casa as filas essa hora são sempre maiores), demoro longos minutos para encontrar as coisas. Dou uma olhada no post-it com a minha lista de compras colado na minha agenda de bolso. Tudo ok. Quando chega minha vez no caixa me lembro que esqueci o pão-de-alho. Too late. Volto amanhã depois que sair do trabalho de novo.

Aí lembro que ainda preciso do queijo pra sopa que nunca encontro no Tesco. Atravesso a avenida, vou a Donnybrook Fair (onde eu sempre quero comprar tudo o que vejo). Mas me concentro e vou direto ao balcão de queijos. Enfrento outra fila.

Atravesso de novo, parada na Boots (onde eu também quero comprar tudo o que vejo). I. precisa de remédio para a alergia, e uma caixa de lenços de papel para repor a que normalmente fica ao lado da cama. Concentração de novo para comprar só o que eu preciso. 

Espero mais uma vez pelo farol e atravesso a Baggot pela última vez.  

Quando entro em casa, não sei o que fazer primeiro. Me livro dos sapatos e coloco as compras na geladeira. Enquanto o peixe está no forno, vou arrumando as coisas que deixei jogadas pelo caminho ao mesmo tempo em que leio os email e falo com I. sobre como foi o dia dele. 

Volto ao jantar, salada no prato, peixe pronto. Jantamos. Recolho os pratos, lavo a louça e boto a máquina de lavar pra funcionar. 

Paro um minuto agora para escrever (aceleradamente), ao mesmo tempo em que assisto Gana x Alemanha. 

Fosse outro dia, eu poderia finalmente parar e relaxar, mas como é quarta-feira, em 15 minutos saímos para as aulas de salsa.

De volta pra casa mesmo só lá pelas 22h30. Aí vou mais é tomar um banho, pegar meu livro e me enfiar na cama que amanhã é outro dia.

N.




terça-feira, junho 22, 2010

Aquele com a paroxítona e a crise de identidade.

Eu nasci Nivea, do latim branca como a neve (quem eu?) e igual ao creme. Escolhido pelo meu pai e escrito assim mesmo, sem acento. Ou pelo menos é assim que foi grafado na minha certidão de nascimento.  Provavelmente o escrivão, ou escrivã,  faltou na aula de português em que a professora explicou que paroxítonas terminadas em ditongo deveriam receber acento.  Ou fez como a maioria das pessoas e esqueceu todas essas regras de acentuação logo depois da prova.

Por mais de 30 anos da minha vida eu optei por seguir o documento oficial, e quando perguntada dizia que não, não tinha acento. Além disso toda vez que via meu nome acentuado (normalmente por insistência dos professores de português) me dava a impressao de que não se tratava de mim. A Nívea, com acento, é outra pessoa.

Depois do casamento o nome inteiro mudou. Me livrei da preposição "da", já que tinha essa opção,  mantive o Costa do meu pai e somei a ele o Sorensen do meu marido.  Feministas que me perdoem, mas teria elimidado o nome do pai para ficar só com o do marido, não fosse o meu saco já ter estourado a tempos com a burocracia do casamento. Quis evitar mais problema para a pobre da minha cabeça, mas ainda não gosto do costume brasileiro, ou latino eu acho, de ir somando montes de sobrenomes. 

No entanto, somente esses dias quando precisei verificar uma informação na minha certidão de casamento é que eu percebi que meu "novo" nome foi grafado com acento dessa vez. Culpa do bom português de quem fez o registro, ou do corretor ortográfico quem sabe, o fato é que agora, além de Sorensen, eu sou Nívea.  E desde então, não sei mais como escrever meu nome.

Por aqui até que o novo acento seria útil, já que as pessoas tendem a me chamar de niVEA, mas como não existe acento mesmo (e elas não saberiam que o acento marca a sílaba mais forte), eu acho mesmo é que vou manter as coisas como sempre foram e vou continar sendo Nivea.

A não ser que alguém metido a numerologista me convença do contrário.

N.

segunda-feira, junho 21, 2010

A Copa do Mundo e o DESorgulho de ser brasileiro - parte II

Esse é meu primeiro post sobre a Copa do Mundo. Mas não é sobre o que diabos aconteceu ou está acontecendo com Espanha, Alemanhã, Itália, Inglaterra e França (aliás, que papelão hein?). Também não é sobre o gol de mão do Luis Fabiano, a falta de fair-play dos marfinenses (admito, tive que googlar isso) ou a expulsão do Kaká.

Hoje minha indignação se restringe ao senso estético do técnico da seleção brasileira. Ou nesse caso, a falta de.

Eu não sei exatamente qual é a audiência de um jogo de Copa do Mundo. Mas sei que é alta, e sendo o Brasil um dos favoritos para levar o título, eu fico imaginando quantas milhares de pessoas estão assistindo aos jogos e achando que é assim que os homens se vestem no Brasil. Sim, porque, naqueles 90 minutos os olhos do mundo estão naquele homem, e é ele a representação máxima do país.

A não ser que ele tenha tido um surto ultimamente, o que é pouco provável, ele deve ter se vestido mal a vida inteira. Mas de um tempo pra cá (deve ser minha falta do que fazer) é que começou a me incomodar. Para ser mais exata, na entrevista coletiva após a divulgação da lista de convocados, em maio, quando surge ele de camisa verde, sobre camiseta amarela. Péssima combinação, mas até aí alguém ainda poderia afirmar que ele só estava querendo usar as cores nacionais. Podia ter simplesmente usado o uniforme oficial, não? Agasalho mesmo. Não ficaria elegante, mas seria menos ridículo. Camisa branca com uma gravata verde escura ficaria no meio termo também.



Aí vem o primeiro jogo. Frio na África do Sul. O que o Dunga resolve usar? Um casaco que, pra mim,  parecia ter sido usado pela da tia-avó dele (o narrador da RTE preferiu dizer que ele parecia fazer parte da marinha)  e blusa de gola rolê por baixo. Herchcovitch que me perdoe, mas eu ainda acho péssimo. Gente normal sabe muito bem que o que funciona com modelos na passarela nem sempre funciona na vida real.



Mas foi depois do jogo de ontem que eu não me contive. Camiseta verde e camisa laranja/coral (whatever), não. Simplesmente não entendi. O narrador (de novo da RTE que é onde eu assisto aos jogos) chamou a escolha de "interesting" (sendo bem sárcástico). Eu chamo de provocação. É provocação? Só pode ser provocação. Ele deve querer mostrar que faz o que quer, com o time e com o guarda-roupa dele. Vergonha alheia. E caso você não tenha notado, o sapato preto estava acompanhado de meias brancas.



Será que a CBF não tem uma graninha pra contratar um personal-stylist, não? Ou cadê a mulher dele pra dar um help pelo menos?

Pois é, vergonha alheia.

N.

PS. O post A Copa do Mundo e o DESorgulho de ser brasileiro (parte I) está aqui.

quarta-feira, junho 16, 2010

O meu Q.I.

Três meses procurando emprego em Dublin. Inglês fluente. Experiência. Stamp 4 (ou seja, visto de trabalho em tempo integral). Centenas de CV's enviados. Aconselhamento com o FAS. Horas e horas, e horas navegando em sites de empregos. Resultado nenhum. 

Até o dia em que eu decidi mandar um email para L., da agência Friends In The World, com quem eu fechei o pacote para vir estudar aqui no ano passado e que tantas vezes marcou e remarcou minha passagem de volta para o Brasil, sempre com a maior boa vontade. 

Naquela semana eu havia pensado que seria uma boa arrumar trabalho como secretária ou recepcionista numa escola de inglês já que eles sempre precisam de alguém capaz de falar português e inglês  para manter contato com alunos e agências no Brasil. Achei inclusive que seria o tipo de trabalho que eu gostaria de fazer. E perfeito até que eu tire uma certificação que me qualifique para dar aulas aqui (se é que é isso mesmo que eu quero fazer). 

Daí além de distrubuir CV's pessoalmente na maioria das escolas, achei que não custaria nada entrar em contato com L. explicando minha situação e perguntando se ela tinha contatos para me indicar. 

Recebi uma resposta no mesmo dia, me dizendo que meus dados haviam sido enviados para a Grafton College, e me desejando sorte. Fiquei muito surpresa de novo, com a prontidão e boa vontade dela. 

Quando voltei de Cork na quarta-feira da semana passada percebi que tinha recebido um e-mail da Grafton marcando uma entrevista, pois uma vaga estaria em aberto a partir do final desse mês, e por coincidência L. havia me indicado. 

Depois da entrevista naquela sexta-feira recebi um telefonema me convidando para um treinamento que começou ontem e deve durar até a semana que vem quando duas funcionárias vão embora. 

Por enquanto estou indo lá por algumas horas para me familiarizar com a rotina. Ainda não sei se ficarei com a vaga em definitivo, se será meio período ou integral, nem se ficarei responsável pelo mercado brasileiro ou pelo brasileiro e internacional. Mas até agora, tudo me parece muito bom. 

O que eu sei mesmo é que sem Q.I. aqui a coisa fica difícil.

E um mega obrigada à L.

N.

terça-feira, junho 15, 2010

Por que eu vou assistir aos jogos do Brasil na minha casa

Copa do Mundo pra mim é coisa séria. Quem não gosta de futebol fique a vontade para meter o pau, ou a vuvuzela, se preferir. Mas eu faço com meu tempo e a minha vida o que eu bem entender. 

O fato é que no último sábado I. e eu deveríamos ter saído para jantar quando decidimos de bom grado comer em casa e assistir Inglaterra x Estados Unidos (jogo importante uma vez que o marido é metade inglês).

Até domingo eu tinha assistido a todos os jogos e assistiria a todos os outros se não tivesse começado a trabalhar no período da tarde (assunto para uma outra hora já que a Copa do Mundo é mais importante). 

Eu levo tão a sério que é como se a minha vida dependesse daqueles resultados. Fico nervosa, choro (o que não é surpresa) e tenho até acessos de superstição (sim, eu). 

Não é surpresa então que hoje a noite, quando o Brasil entrar em campo, eu vou estar em casa. Quero ASSISTIR ao jogo, e não socializar. Como companhia só o meu irlandês. Nada de boteco, bar (ou pub no meu caso agora), sem bebedeira, sem festa ou vuvuzela. E de preferência sem Ivete Sangalo e bandos de brasileiros barulhentos mais interessados em mostrar que são brasileiros do que em assistir ao jogo. 

E que venham os Norte Coreanos.

N.

sábado, junho 12, 2010

12 de Junho

"He is my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest. "*
. W H Auden .

O dia 12 de Junho de 2009 começou de maneira horrível pra mim. Em Dublin há 5 meses estava de saco muito cheio de tomar conta dos filhos dos outros, com saudades da minha família e quase arrependida por ter largado o trabalho na Tortura Inglesa para vir pra cá. E aquela manhã, particularmente, foi um pesadelo. 

Tão ruim que eu acabei fazendo a "besteira" de mandar uma mensagem de texto para I., que eu nem ao menos conhecia pessoalmente ainda. Assim que apertei o send percebi que estava fazendo papel de boba e me arrependi. Mandei outra mensagem pedindo que ele ignorasse e a primeira. Ele respondeu perguntando se estava tudo bem. Disse que não estava, mas que era só um dia ruim, que ele esquecesse. 

Ele não esqueceu. Me ligou. A primeira vez no telefone. Me convenceu a sair com ele naquela noite, dia dos namorados no Brasil. 

A primeira vez que o vi ele esperava por mim em frente ao Trinity College. Eram 7 da noite. Um primeiro encontro que duraria 9 horas.

Foram 365 dias desde então e desses só 37 eu passei longe dele, porque estava no Brasil cuidando dos últimos detalhes do casamento. E foram esses 37 dias que me fizeram ter absoluta certeza que sem ele, eu fico perdida.

Sem aquele sorriso largo e espontâneo, os olhos azuis, os cílios mais longos e bonitos do mundo, a barba que cisma em crescer ruiva apesar do cabelo castanho, o senso de humor que nunca falha em me fazer rir até a barriga doer mesmo quando estou brava ou triste, a minha vida não teria a mesma graça.

Um ano depois fica difícil imaginar (e eu nem quero) como seria sem ele.

I., se você estiver lendo, te amo.

N.

ps. * o trecho do poema do Auden foi alterado do passado para o presente. Se você quiser ler por inteiro (vale a pena porque é lindo) vai lá perguntar pro google.

quinta-feira, junho 10, 2010

A minha primeira vez (pelo menos aqui na Irlanda)

Descobri que não, não precisa usar chapéu. Nem fascinators (aliás, sempre acho muito bom o nome desse treco que você usa no cabelo por aqui). Mas que de fato, as pessoas se vestem melhor do que no Brasil. Mulheres de LBD (pelo menos as mais jovens) e salto (menos eu, obviamente), homens de terno e gravata.

Descobri que irlandês deve ter muito pecado porque haja oração antes de enterrar o bendito do defunto. Não vou a um funeral há muitos e muitos anos no Brasil, mas não me lembro de ter padre acompanhando cada passo do evento (na falta de uma palavra melhor), nem de tanta reza.

Descobri que o fato de I. ficar imitando sotaques de diferentes partes da Irlanda, não é uma coisa muito legal quando eu acabo conhecendo alguém que tem de fato aquele sotaque. Não foi fácil segurar o riso assim que o padre (de Cork) abriu sua boca.

Descobri que tem algo de muito bonito (e triste) quando os homens carregam o caixão nos ombros, se abraçando. 

E descobri, ou melhor, comprovei que tudo termina num pub, com refreshments (outra boa palavra), anunciado logo após o enterro pelo próprio padre. Ou seja, no melhor estilo irlandês.

Anyways, espero não repetir a experiência tão cedo.

N.

terça-feira, junho 08, 2010

Aquele com o funeral no meio da semana

Tudo o que foi previamente planejado para esse fim-de-semana prolongado deu errado.  Não quer dizer que tenha sido ruim, muito pelo contrário. Não tínhamos um fim-de-semana tão movimentado há tempos. O problema é que eu fico completamente desorientada quando as coisas não saem como o previsto. É, espontaneidade não é o meu forte.

Mas isso nem vem ao caso agora. O pior mesmo vai ser ver a minha semana totalmente bagunçada por causa de um velório. 

O defunto, com todo o respeito, eu nunca nem conheci. Tio do I., nem ele mesmo tinha muito contato. Portanto eu não vou nem me dar ao trabalho de sair bonita no post e dizer que eu sinto muito. Não sinto. Sinto claro, pelo meu sogro que perdeu um irmão. 

Soubemos do falecimento no sábado e quando I. me contou que precisáriamos ir a Cork para o funeral, (que muito provavelmente aconteceria lá pelo final da semana, quinta ou sexta, não sabíamos ainda) minha primeira reação foi: "Vou perder o começo da Copa do Mundo. Merda." 

Depois, com a cabeça um pouco (bem pouco) mais no lugar, e envergonhada pela reação egoísta de número 1 (que eu guardei só para mim até o momento desse post), veio a reação egoísta de número 2: "que roupa eu devo usar para um velório?", seguida da reação egoísta de número 3: "não tenho roupa apropriada."

No final das contas o negócio todo foi marcado para hoje a noite  e amanhã cedo. Daqui há pouco pegamos o carro e enfrentamos algumas horas (umas quatro) de estrada para estar em Cork para alguma coisa que se chama "the removal", que eu, ainda preocupada com o que usar, e muito feliz por não perder a Copa do Mundo, não me dei ao trabalho de procurar saber o que é exatamente.

Quase certo mesmo é o fato que eu vou acabar no inferno.

N.

sexta-feira, junho 04, 2010

A desconhecida e a promessa que eu não cumpri


A foto aí de cima foi tirada obviamente no dia do meu casamento (ou por qual outra razão eu estaria usando um vestido de noiva?).  Ou melhor, foi tirada no dia seguinte, depois da minha festa, lá pelas 5 da manhã, num pub irlandês, em São Paulo. Sábado de carnaval. 

Você reconhece as pessoas comigo na foto? Eu também não. Nunca os tinha visto, e provavelmente não os verei novamente. Mas por uma dessas coisas da vida, que a gente não explica (talvez explique o meu estado etílico naquele dia), tenho várias fotos tiradas com eles, e nenhuma com meus amigos que estavam lá naquela noite de bebedeira e choradeira. 

A primeira foi tirada por insistência da menina ao meu lado, a desconhecida, que assim que me viu disse que "precisava" de uma foto comigo, a noiva. Segundo ela, dá muito boa sorte tirar uma foto com uma noiva. Quem sou eu para discordar.

Como a foto foi tirada com a máquina da minha irmã (foi ela provavelmente quem tirou as fotos) a desconhecida me fez jurar de pés juntos que eu mandaria a foto pra ela por email (que foi devidamente anotado num guardanapo e guardado também na bolsa da minha irmã). 

Então, o fato é que eu tentei. E tentei. E tentei. Como todas minhas tentativas de contato por email falharam (os emails retornam), eu posto aqui a nossa foto juntas. Desejando a você, querida desconhecida, toda a sorte do mundo. Ou melhor, the luck of the Irish.

N.

quinta-feira, junho 03, 2010

Yes, I can

"It is impossible to live without failing at something, unless you live so cautiously that you might as well not have lived at all - in which case, you fail by default."
. J. K. Rowling .

Às vezes eu tenho tanto medo de falhar que acabo desistindo das coisas antes de tentar.

Com pouco mais de 30 anos de idade, tendo feito muitas das coisas que eu mais quis na vida (apesar do medo) achei que estava livre disso. Mas ao contrário, o que eu tenho feito é um exercício constante de superação e de convívio com o fato de que eu não posso ser perfeita.

O esforço algumas vezes é tão pequeno, como há seis semanas atrás quando decidi que faria aulas de dança, que mal me dou conta.

Outras vezes, ele precisa ser consciente. Como essa manhã, em que eu me vi pensando porque não estou pelo menos tentando voltar a dar aulas de inglês. 

E foi pensando nisso que a partir dessa tarde eu começo a montar um CV acadêmico e  procurar as escolas de inglês, não por uma vaga como secretária ou recepcionista, mas como professora. Afinal, o máximo que vai me acontecer é não conseguir emprego nenhum. Como emprego nenhum eu já tenho, não dá para sair perdendo, né?

Mãos a obra.

N.

quarta-feira, junho 02, 2010

Não vale a pena chorar pelo leite derramado... ou o bolo comido.

Aviso aos navegantes: Este é um post de auto-convencimento.

Lá na página principal do site da Just Dance, onde fazemos aulas de dança as quartas-feiras, eles prometem a queima de até 400 calorias por hora. Mentira eu acho, mas me forço a acreditar. Vai que funciona como placebo?

Então, com muita fé na queima de 400 calorias, será que elas compensam o "pedacinho" de bolo que eu fiz ontem e acabei de comer? Leve-se em conta que foram quatro, isso mesmo, quatro latas de leite-condensado na receita. Sem contar, o açúcar, o coco ralado, o leite de coco, o chocolate em pó e, se não bastasse, a quantidade de recheio que eu "tive" que comer porque não coube no bolo. 

É, pensando bem, não compensa.

Mas até que eu mereço já que ontem foi meu dia de Amélia e devo ter queimado várias calorias limpando o apartamento todo. Ainda por cima fiz uma meia-horinha de ergométrica. 

Devia ter sido uma hora inteira, né? Pois é, ainda não compensou. 

Compensa se eu disser que estou de TPM, o que cientificamente comprova minha necessidade de açúcar (ou melhor, de chocolate)?  E que eu passei roupa por mais de uma hora hoje?

E se eu disser que mais da metade do bolo foi devidamente colocada numa tupperware essa manhã para que I. levasse pro trabalho, longe da minha vista?

Não, funciona, né? 

E se eu disser que já comi mesmo, e agora "Inês é morta"? 

N.

PS. em todo o caso, o resto do bolo segue com I. para o trabalho amanhã, de novo. 

terça-feira, junho 01, 2010

Junho rocks

Ah, enfim Junho. Junho que eu espero loucamente mais ou menos desde Março. 

Junho é o início do verão na Irlanda. Dias longos e ensolarados. Época de dormir com a janela aberta e de não precisar lembrar de ligar o aquecedor antes de ir pro quarto, de piqueniques no parque, de sentar do lado de fora no pub. De tomar sorvete. Bom, pelo menos em alguns dias... 

É também o mês do aniversário da minha mamis. Eu não vou estar com ela, mas depois do susto no ano passado, saber que ela está bem e com saúde é o que eu mais quero. 

Junho é o mês do dia dos namorados no Brasil. E o mês em que I. e eu comemoramos um ano juntos. No mesmo dia aliás, dia 12. Que também é o dia em que comemoraremos 4 meses de casados. 

Nesse mesmo dia também tem show do Paul McCartney no RDS. Dessa vez não vamos porque os ingressos para o show do ano passado nos custaram praticamente 1000 euros (quer dizer, custaram a I.), ou seja, uma pequena fortuna. E eu já tinha colocado na minha cabeça que ver o Paul seria uma das coisas que eu faria uma única vez na vida. E outra, o RDS fica tão perto da minha casa, que vai dar pra ouvir o show de dentro do meu apartmento (como sempre acontece quando tem show lá). Mas como o dia é especial (tá contando? dia dos namorados, 2 aniversários...), nós vamos escolher um pub bacana aqui perto e ouvir Paul McCartney de graça, com algumas pints de acompanhamento. Vou me acabar de cantar e dançar, na rua mesmo, para celebrar o ano mais feliz da minha vida. 

Como se não bastasse, em Junho ainda tem Copa do Mundo de Futebol. Eu que já gosto de futebol normalmente, em Copa do Mundo então eu não consigo assistir outra coisa. Conto literalmente os dias para o início do evento, com uma certa tristeza por não ter meu álbum de figurinhas esse ano, é verdade, mas com tempo de sobra para assistir todos os jogos. 

Que junho seja doce.

N.