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quarta-feira, março 31, 2010

Uninspired

Tá. Só para relembrar. O objetivo de cozinhar era me entreter. Passei horas folheando minhas receitas, até escolher algo fácil, de ingredientes acessíveis. Também passei boa parte da manhã na cozinha. 


Fiz as coisas do meu jeito (o que já é um pequeno avanço). Usei só metade dos ingredientes, refoguei a carne sem cebola, com pasta de alho e chilli powder, e fiz meu próprio molho branco (com leite, manteiga, maisena e queijo). No final, o prato (não muito saudável, porque a berinjela é frita) deu certo. Eu adorei, e faria de novo. Faria, porque ficou meio "cremoso", do jeito que I. não gosta muito, apesar de ter comido bem (e falado que estava bom).


I. gosta mesmo é de curry. Eu como, mas não é meu prato favorito. Por isso não faço questão de aprender a fazer. 


Resumindo, por que foi que eu não fiquei tão contente com o resultado? Sim, porque I. não a-d-o-r-o-u. E eu sou perfeccionista.


Anyways, ontem fiquei meio chateada (nem era só isso, na verdade) mas hoje concluí que mantenho o experimento. Também percebi que não é o bastante. Até eu achar um trabalho, preciso me ocupar com mais do que o jantar de todos os dias e as tarefas domésticas. O plano agora é passar no meu exame teórico de motorista (e aprender a dirigir), e procurar por um curso noturno. 


E é só por hoje. 


N


ps. percebi que havia escrito berinJela com 'g' num post anterior. Já foi corrigido. So sorry. 

Berinjela da Nonna

INGREDIENTES


Berinjela:
  • 4 berinjelas grandes cortadas em fatias de 1 cm no sentido do comprimento
  • sal a gosto
  • farinha de trigo para empanar
  • óleo para fritar
Recheio:
  • 1/4 de xícara de óleo
  • 4 dentes de alho picados
  • 1 cebola pequena picada
  • 1 kg de carne moída
  • 4 colheres (sopa) de vinagre branco
  • sal e pimenta-do-reino a gosto
  • 1/3 de xícara de salsinha picada (finalização)
  • 3 xícaras de molho branco (finalização)
  • 500 g de mussarela passada no ralo grosso (finalização)
PREPARO
  1. Beringela: polvilhe as fatias com sal, coloque-as sobre um escorrredor e ponha um prato sobre elas para fazer peso. Deixe desansar por pelo menos 1 hora. Passe as fatias na água corrente para retirar o sal e depois esprema-as com as mãos para tirar o excesso de água. Deixe secar sobre papel-toalha. Passa as fatias de berinjela na farinha de trigo e sacuda-as para retirar o escesso. Frite, aos poucos, em óleo quente até dourar. Escorra sobre papel-toalha.
  2. Recheio: em uma frigideira, aqueça o óleo e refogue o alho e a cebola até murcharem. Junte a carne e refogue-a, mexendo de vez em quando até perder a cor rosada. Adicione o vinagre e deixe ferver. Tempere com sal e pimenta e cozinhe até a carne ficar bems solta
  3. Finalização: em um refratário médio, faça uma camada de fatias de berinjela, espalhe um pouco da carne, polvilhe salsinha, coloque um pouco do molho branco e, por cima, salpique a musssarela. Repita a operação até que terminem os ingredientes, finalizando com mussarela. Leve ao forno moderado (180 C), preaquecido, por 20 minutos ou até a superfície borbulhar e dourar.

segunda-feira, março 29, 2010

O tédio e a cozinha

Eu nunca soube cozinhar. Em primeiro lugar porque me falta talento pra isso.  Em segundo, porque nunca precisei. 

Minha mãe nunca me ensinou, nem queria que eu metesse com as panelas. Com uns 20 anos de idade (meus, não dela) ela ainda tinha medo que eu me queimasse, ou botasse fogo na casa. Também comecei a trabalhar cedo, com 15, quase 16 anos, então nunca fiz questão nenhuma de aprender. Mas os livros de receita sempre foram uma paixão. Vai entender.

Um pouco antes de ir pra Bélgica resolvi tentar aprender e me fazer um pouco menos dependente. Me falta talento, mas também não sou burra. Sabendo ler, com uma receita na mão, as coisas não foram tão difíceis assim. Lógico, nunca tentei fazer nada mirabolante, mas todas as receitas testadas costumavam dar certo, e eu até que gostava. 

Quando vim para Dublin no ano passado, mal precisei cozinhar. Morei durante muito tempo com uma família em Blanch, e só precisava fazer meu próprio almoço. Como tomava conta das crianças precisava ser algo fácil e rápido. Acabei comendo macarrão ou shepherd's pie congelada por meses. E para jantar, sempre só uma sopa pronta ou coisa do tipo. 

Depois trabalhei para C., e cozinhar também não estava entre as minhas tarefas. Almoçava (ou o que aqui se convém chamar de almoço) e jantava com a família. Mas isso foi só até me mudar para o apartamento de I. 

Ele cozinha muito bem, mas desde o início me senti meio mal com o fato de ele ter que fazer o jantar depois de chegar do trabalho, especialmente quando eu, passo o dia inteiro em casa. Aí comecei a fazer uma coisinha ali, outra aqui. Nada especial. E continua sendo assim, porque é muito difícil cozinhar só para duas pessoas. E a minha "geladeira" (um frigobar, na verdade), não permite que as coisas sejam reaproveitadas. Sinto muita dó de jogar comida fora. 

Além disso, fica um pouco mais difícil cozinhar em terras estrangeiras. Se escolho uma receita em Português, as vezes fica dificil encontrar todos os ingredientes, ou equivalentes aqui. E também tem a estranheza de I., que não está acostumado com o mesmo tipo de comida que eu. Vale lembrar que ele sempre se dispõe a tentar. Mas se ao contrário, escolho uma receita em inglês, sou eu que fico me perguntando: será que isso pode dar certo? E aí também não significa que seja mais fácil achar todos os ingredientes. O Tesco da esquina da minha casa não é dos menores, mas as vezes é uma tristeza. Que saudades de um grande Pão de Açúcar!! 

Enfim, difícil fazer isso todos os dias....

No entanto, eu tenho me sentido muito entediada aqui e com uma vontade imensa de aprender a cozinhar. Procurei na internet por alguns cursos, mas todos custam caríssimo e não podemos gastar com isso agora. Ainda estamos pagando por algumas coisas do casamento, na verdade a lua-de-mel (que nem estava incluida nas nossas despesas, mas isso nem vem ao caso), e estou desempregada. Como eu tenho uma coleção grande de receitas, e a internet a disposição, vou botar a mão na massa. Uma vez por semana, tento uma receita nova. Umazinha só. 

Começo amanhã, com uma receita de "Berinjela da Nonna" tirada de uma revista. Dando certo ou não, vai me manter ocupada.

N

quinta-feira, março 25, 2010

A polêmica do canhão

Pelo menos 4 notícias, vistas ou lidas, hoje pela manhã me chamaram a atenção, negativamente. Ou melhor, me irritaram, em menor ou maior grau. Coincidentemente são todas da rede globo. 

Do site globo.com: Ivete Sangalo pede justiça para o caso Nardoni. Quem quer saber o que a Ivete Sangalo pensa? Tá bom, vai, muitas pessoas devem querer. Mas ainda acho que para falar o óbvio, melhor calar-se. 

Do mesmo site, ou de todos os outros de notícias praticamente: Bush se limpa em Clinton em gafe no Haiti. Essa não merece nem comentários, porque, como eu disse anteriormente, para falar o óbvio, melhor calar-se.

Do "Bom dia Brasil", entrevista com Ronaldo: "Tenho as costa quente (...) meninos de vinte ano", e provavelmente mais alguns "ss" comidos ao longo de 3 minutos de entrevista. Mas essa discussão entre modelos de comportamento e educação no Brasil levaria pelo menos 5 posts. 

Também do mesmo telejornal: Paraguai quer que Brasil devolva canhão de gerra.

Não é sobre as três primeiras que eu quero escrever, pelo menos não agora. Mas a quarta me passou boa parte da manhã na cabeça. A notícia nem foi novidade,  já tinha lido a respeito há alguns dias atrás, mas foi outro fato que me chamou a atenção. Então vamos ao início.

Entre 1864 e 1870 o Paraguai esteve em guerra, sozinho, contra Brasil, Argentina e Uruguai. Ele mesmo iniciou o conflito, mas as causas agora não vêm ao caso.

A chamada "tríplice aliança" venceu a guerra e o Brasil voltou para casa com um troféu. Um canhão. O mesmo canhão, considerado responsável pelo fato do Paraguai ter conseguido manter as tropas brasileiras distantes, por pelo menos dois anos (segundo historiadores). Chamado de "El Cristiano" (O Cristão), porque foi construido com o metal derretido retirado das igrejas de Assunção (o que mostra, em parte, o despreparo militar do Paraguai), o troféu de guerra se encontra hoje no Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro. 

No início do mês, durante um discurso comemorativo aos 140 anos do final da guerra, o vice presidente paraguaio, Federico Franco, pediu que o canhão fosse devolvido. E que assim se iniciasse o processo de "cicatrização do povo paraguaio", usando suas próprias palavras.

O presidente Lula já tinha concordado em aceitar o pedido. Ao menos foi isso que eu havia lido anteriormente, e que me pareceu ser a decisão mais acertada. Aliás, decisão que precisa ser dele, já que o canhão faz parte de um acervo tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional.

O que me chamou a atenção é que, segundo reportagem do jornal, historiadores e técnicos do museu discordam do presidente, alegando que mandar o canhão de volta seria uma "afronta" a memória de quem lutou na guerra. Aí aparece um historiador (Milton Teixeira), dizendo que nenhum país devolve seus troféus de guerra, que muitos brasileiros morreram para que o canhão se calasse e virasse peça de museu, e que o sangue deles o mantêm lá. Parece que se esqueceu de que há sangue paraguaio envolvido na questão. E quanto sangue.

Para nós então o troféu representa uma gerra vencida e cerca de 50.000 mortos no conflito (e que merecem sim, serem lembrados), num total de 150.000 que combateram.  Mas para o Paraguai.... Se brasileiros morreram, eles, no entanto, sofreram muito mais. Acredita-se que o país tenha perdido 90% de sua população vítimas da guerra. Em parte porque o Brasil se recusou a encerrar o conflito quando vencera, mas insistiu em continuar até que Solano Lopes estivesse morto. Sobraram basicamente só idosos, mulheres e crianças. Perderam parte de seu territorio e hegemonia. E consequentemente, seguem até hoje como um dos países mais atrasados da América do Sul, famoso pela produção de "muamba". Nunca foram capazes de se recuperar. 

Será que faz sentido celebrar a derrota que causou tantos danos a um país hoje considerado "amigo"? Devolvam o canhão e deixem que eles curem suas feridas.

N

quarta-feira, março 24, 2010

O ovo ou a galinha?

Para se trabalhar aqui na Irlanda (e para tirar carteira de motorista, e várias outras coisas, que eu não lembro agora) você precisa de um número de PPS (ou Personal Public Number). É como se fosse sua inscrição na Previdência Social, e é emitido aqui pelo Social Welfare (a previdência social deles).

Como eu estive aqui como estudante no ano passado eu já tinha o meu, mas preciso trocar meu endereço, já que não moro em Dundrum há pelo menos 1 ano e 2 meses. Para isso, no entanto, eu preciso de um novo comprovante de endereço. 

Também preciso transferir meu título de eleitor aqui para Dublin. Um, porque legalmente eu tenho que fazer isso. Segundo, e mais importante, porque... Aécio, Serra, Ciro, ... não. Né?? Eu pelo menos vou fazer minha parte. Enfim, para fazer isso eu preciso de um comprovante de endereço.

Certo. Eu meio que assim, não tenho um comprovante de endereço. Eu moro com I. Todas as contas estão no nome dele. 

Tudo bem. Vamos abrir uma conta no banco. Assim eu solicito um extrato, e pronto, tenho o meu comprovante. Eu preciso de uma conta mesmo. A que eu tinha já deve ter sido encerrada (eu só abri por exigência para conseguir meu visto no ano passado), e I. quer uma conta conjunta. OK. por mim, assim deve ser mais fácil mesmo, já que ele já é correntista. 

Então hoje na hora do almoço fomos ao Bank of Ireland. Levei nossos passaportes e a certidão de casamento. Uma funcionária, que obviamente conhece I., vem nos ajudar (mega-super-ultra-blaster solícita e simpática). Pergunta a I. sobre o casamento e não para de dizer o quão "exótica"(meaning "estranha") eu, e meu nome, somos.  Ela procura então um dos gerentes, ou sei lá como eles são chamados aqui, para cuidar dos papéis. 

Extremamente simpático e educado também. No meio do preenchimento de toda a papelada surge o problema. Eu preciso de um comprovante de endereço. Não senhor, eu não tenho nenhum comprovante de endereço. Eu tenho minha certidão de casamento, o que muito provavelmente deveria significar que eu moro com meu marido (que sim, pode provar onde mora). Não, não serve. Serve o meu PPS. Mas para o PPS eu preciso do comprovante de endereço. Ah, serve também uma série de outros documentos, mas para obtê-los eu também preciso... é você sabe o quê. 

Chegando em casa depois do trabalho I. liga para a ESB (a companhia de energia elétrica), para colocar meu nome na conta, e assim conseguir o, guess what?. Tudo certo. O meu nome é incluido. Agora é só solicitar que uma correspondência seja enviada ao meu apartamento. Certo? Não, a funcionária explica que pode até fazer isso, mas não servirá como comprovante para o banco, ao menos que seja uma conta. Acontece que as contas de energia aqui na Irlanda são emitidas e enviadas a cada dois ou três meses (não me lembro agora). Sim, aqui só se paga a conta de luz a cada dois (ou seriam 3?) meses. De qualquer jeito, a minha próxima conta agora só em JUNHO. 

Ah, detalhe... Eu tenho até maio para transferir o título de eleitor.

N


segunda-feira, março 22, 2010

O sol daqui e o sol de acolá

Não tinhamos planos de sair de casa no domingo. Normalmente aproveitamos os sábados para fazer alguma coisa, sair, caminhar, ou fazer compras, mas passamos os domingos em casa, assistindo um filme, ou dois.... I. quase sempre cozinha, mas dessa vez eu quis fazer lasanha sozinha (com a famosa receita de C., que desde o último dias das mães aqui eu passei a chamar de "mum"). 

Anyways, o molho havia sido feito já no sábado (para que o sabor ficasse melhor, e para evitar muito trabalho no domingo). Piquei todos os ingredientes enquanto I. assistia Ireland x Scotland na TV. 

Aí depois de acordar, tomar banho e café-da-manhã e olhar pela janela, decidimos que o dia estava bonito demais para ser gasto dentro de casa. 

Ainda no Brasil eu odiava o sol. Sim, odiava. Esquisita eu sempre fui mesmo, mas eu tenho lá minhas razões. Tinha horror de acordar de manhã com aquele sol absurdo, o que geralmente resultava num calor dos infernos. No calor eu fico ainda mais preguiçosa. Gostava mesmo era de dias de chuva. Não aquela chuva torrencial que vêem caindo vez em quando em São Paulo atualmente, mas aquela chuva fina que cai o dia inteiro e não causa tanto estrago. 

Quem diria que um dia de sol me tiraria de casa. A verdade é que aqui, eu ando sempre a procura de sol. Toda vez que saio na rua, como sinto muito frio, é o sol que eu persigo. E como aqui chove quase que diariamente, quando o sol aparece, parece que até as pessoas ficam mais felizes. 

Pensei comigo, não é um dia para se estar em casa. I., que pensava a mesma coisa, sugeriu um museu. E eu, ainda com um pouco de preguiça (mas lutando fortemente contra ela) disse que poderiamos mesmo sair para uma volta num parque. Moramos, há 15minutos do St. Stephen's Green e há 10 da Merrion Square, na direção do centro,  ou há 10 minutos do Herbert Park, na direção contrária. 

Como I. havia me prometido um "crispy sandwich" (pão de forma com manteiga, recheado de batata tipo "ruffles", super healthy) para o almoço, já que eu nunca comi um, botamos as coisas na sacola e fomos ao Herbert Park para um piquenique.



Dia de sol e muitos irlandeses (ou não) no parque, com seus filhos, cachorros, jogando bola ou simplesmente namorando.



E aqui estou eu, sem meu casaco, e com o meu primeiro "crispy sandwich":



N

Changing

"Será que, à medida que você vai vivendo, andando, viajando, vai ficando cada vez mais estrangeiro? Deve haver um porto." (Caio Fernando Abreu)


Vida nova. Blog novo.

Há tempos estava enjoada da cara desse blog, escolhida há anos atrás. Muito rosa para mim, eu que sempre fui uma menina roxa, e não rosa. Tá bom, eu sei que esse também está bem rosa, mas eu gostei, e pronto. E o que mais me irritava era o fundo rosa, esse pelo menos é branco, como eu queria. 

Na semana passada, usando um dos modelos do próprio site, escolhi uma coisa mais sóbria. E ainda me restou na cabeça a idéia de trocar o nome. Ainda no sábado de manhã solicitei ajuda do senhor diretor de criação, meu marido, que ficou de pensar, mas a princípio sugeriu algo usando "notes from a cold country".  Ou alguma coisa do gênero.

Para minha surpresa no domingo, encontrei num dos blogs que venho acompanhando (logo aí a esquerda), um post com indicações de sites para baixar backgrounds para blogs. Passei boa parte da manhã navegando, e gostei muito desse.  Como o envelope do banner traz a indicação "S.W.A.K" (Sealed With A Kiss, ou em bom português, Selado Com Um Beijo), resolvi usar esse como novo título do blog, junto com a idéia das "cartas" ao invés de "notas", como I. havia sugerido. Afinal, o que faço aqui nada mais é do que escrever cartas eletrônicas. Pra quem? Pra mim mesma. Não eu mesma de agora, mas eu de daqui há alguns anos - ou daqui há algumas horas. Mas em tempos de Big Brother (e a referência aqui é George Orwell), sinta-se a vontade para bisbilhotar.  Posso ainda vir a escrever especificamente para terceiros, fiquem eles sabendo disso, ou não. Enfim, o objetivo desse blog continua o mesmo, me servir de terapia. Eu que sempre gostei tanto de escrever. E que tantos diários escrevi.

N

domingo, março 21, 2010

Já a imigração em Dublin....

... bem diferente. E muito mais fácil e rápido do que eu sonhava. 

No aeroporto, basicamente a mesma coisa. A não ser poder falar em inglês e a educação típica da maioria das pessoas daqui. Respondi praticamente as mesmas perguntas, até  o porquê de ter vindo estudar inglês aqui uma vez que já falo inglês e dava aulas (o que eles parecem nunca entender). Trabalhei enquanto estava aqui? Menti que não. Onde está meu marido? Vamos morar em Ballsbridge? Bla, bla, bla. Recebo meu carimbo de um mês para resolver a situação com a Garda (a polícia daqui), como esperado.

O passo seguinte (que eu não sabia ser o último) me deixava mais apreensiva. As informações no site www.citizensinformation.ie davam conta de que precisava comparecer a Garda National Immigration Bureau (onde estive para registrar meu visto de estudante no ano passado), entre 8am e 10pm, junto com I., e levar nossos passaportes, comprovante de residência (no caso, dele) e a certidão de casamento original. 

Como eu disse, eu achei que esse seria só o primeiro passo, e que a partir daí viriam entrevistas e outras coisas para checar a autenticidade do meu casamento. Pelo menos foi isso que ouvi em conversas na Embaixada Brasileira. Me disseram até para pedir cópia do visto dos meus sogros no Brasil, provando que eles estiveram presentes no casamento. Temia que eles descobrissem que na verdade, pouco frequentei as aulas de inglês aqui e sei-lá-mais-o-que.

Enfim, na terça-feira, depois que I. voltou do trabalho, fomos a imigração. O local, escuro e meio sujo, não é dos mais bonitos que você vai ver em Dublin. A fila para pegar uma senha de atendimento (que aqui eles chamam de "ticket") era grande, assim como a quantidade de pessoas aguardando para serem atendidas (na sua maioria nigerianos). Aguardamos na fila um pouco, mas estava meio na dúvida se aquele era mesmo o lugar certo e I. foi pedir informações. Para nossa surpresa, I. foi informado de que devido ao movimento grande, eles não estavam mais distribuindo as senhas. I. ainda disse ao funcionário que havia muitas pessoas na fila, ao que ele respondeu dizendo que não sabia o porquê. No mínimo ninguém se deu ao trabalho de informar aquelas pessoas de que não adiantava mais ficar ali, que fossem para casa e retornassem no dia seguinte.

Fomos embora e eu me senti muito, muito mal por também não ter avisado ninguém.

No dia seguinte resolvi ir mais cedo, pegar uma senha, e aguardar por I., que se encontraria comigo após o trabalho. Cheguei lá por volta das 16h. Havia menos pessoas do que no dia anterior e tive que trocar minha senha duas vezes antes de I. chegar. 

Na nossa vez de sermos atendidos o oficial pega os documentos (inclusive a tradução juramentada da certidão). Verifica meus carimbos, pergunta, meio que confirmando, se eu vivi na Irlanda no ano passado. Brinca com a certidão, dizendo ser muito prático o jeito em que ela foi dobrada (com aquela capinha de plastico como todas as certidões emitidas no Brasil). Pede um minuto e sai. Na volta me pede desculpas dizendo que deveria me dar um carimbo de 5 anos, mas infelizmente não pode, pois meu passaporte vence em outubro de 2011. Pede então para que eu volte quando renovar meu passaporte para que o carimbo seja colocado também. Uma foto é tirada na hora e aguardo alguns minutos para retirar meu GNIB Card (ou "certificate of registration").


Pronto. Poderia ser menos descomplicado?


N

segunda-feira, março 15, 2010

A Imigração em Madrid

Na primeira vez que vim para Dublin escolhi, é claro, a companhia aérea mais barata, na época a espanhola Ibéria. Como não existem vôos diretos para Dublin, a conexão seria feita em Madrid. Depois pesquisando na internet me deparei com diversos casos de brasileiros (ou rumores de) que tiveram problemas com a imigração espanhola, mesmo aquele que assim como eu, só faziam escala no país. Fiquei com um pouco de receio e entrei em contato com a agência com quem fechei o pacote. Fui aconselhada por L. (que tanta atenção me deu) a me acalmar porque nunca eles tinham tido problemas nenhum com alunos viajando através de Madrid, e que viajando com toda a documentação necessária não havia motivos para temer. 

Chegando lá tive que responder umas perguntas. Pouca coisa, mas desnecessário eu achei, estando eu só fazendo escala. Carimbo de entrada no país, para horas depois receber novo carimbo de saída (e mais perguntas). 

Dessa vez não sei se estava menos ou mais preocupada, apesar da documentação do meu casamento com I., cidadão da comunidade européia. Enfim, entro numa fila enquanto I. segue pela outra (EU) que caminha a passos largos. Ele passa e me espera do outro lado enquanto eu empaco atrás de um jovem negro, que me parece estudante brasileiro. Todas as filas andam menos a minha. 

Foi aí que por um instante eu achei estar em Portugal e não na Espanha. Uma senhora que "organizava" as filas, insistia em puxar (literalmente) os passageiros do final das filas que demoravam mais e colocá-los em outras mais rápidas, as vezes até vazias. O porquê de ela não estar fazendo isso com as pessoas da frente das filas (que obviamente estavam lá há mais tempo), eu não sei. 

Depois de trocar mais de uma vez de fila (o que será que estava acontecendo com o rapaz negro?), chega a minha vez. O oficial me pergunta em espanhol qual a razão da minha viagem a Irlanda. Digo, em inglês (obviamente porque não falo espanhol!), que vou morar com meu marido. Mal-humoradamente ele me "pede" para falar português ou espanhol e pergunta onde está o meu marido. Aponto para I., do outro lado do guichê. Ele me faz perguntas em espanhol que eu não entendo, e de maneira bem grosseira. Me pede um "album de familia". Que??? Album de família? Quer minha certidão de casamento? Não me responde, mal olha na minha cara. Começa a falar alto com I., em espanhol, pedindo o bendito "album de familia". I. claro, não entende. E ele continua me ignorando até que mostro minha certidão de casamento. Mais perguntas. Checa o passaporte de I., digita no computador, verifica todos os carimbos do meu passaporte. "Pode passar". Grosso. 

Quem eles pensam que são? Portal da Europa? Se estou indo para Irlanda, claro, vou passar pelo processo de imigração deles e responder as perguntas deles. Até entendo toda a preocupação com a imigração ilegal e o fato de eles serem extra-cuidadosos antes de liberar a entrada de estrangeiros (brasileiros ou não, prostitutas ou não). O que não entendo é para quê tudo isso se eu SÓ ESTOU PEGANDO UM VÔO DE CONEXÃO!!


Fila gigante para passar pela segurança de novo (arh,.. eu já não passei por isso ao embarcar em SP??), vamos perder o vôo. Ops, não é uma fila, eu, educadamente achei que era (onde eu penso que estou, em Londres?). As pessoas se amontoam e se espremem. Deprimente.


Chegamos ao portão de embarque com a fila já andando. Outra coisa que eu SEMPRE me pergunto em aeroportos, para que aquela fila enorme formada assim que o embarque é anunciado? O seu assento não é marcado? 


A fila, leva antes da entrada no avião ao guichê da polícia novamente, para o carimbo de saída. Antes de chegar a minha vez, o funcionário da empresa áerea verifica meu passaporte e ticket e eu, feliz por estar indo embora dali ainda tenho que ouvir mais uma vez: "Qual o motivo da sua ida a Dublin?" A minha última vontade em Madrid é mandá-lo ¡€#¢§ˆ¶¨ªº–≠


N

terça-feira, março 09, 2010

O Casaco

Ontem I. me levou ao Dundrum como prometido, pra me comprar um casaco. Apesar dos -2C de hoje, é primavera (ou quase) em Dublin, portanto, todas as vitrines começam a exibir aquelas roupas que eu não sei como as mulheres daqui conseguem usar, primavera ou não. Aqui eu acabo sempre usando meu casaco de inverno, a não ser no verão mesmo, quando uma jaqueta ou blusa mais leve resolve meu problema de frio quando o sol se põe. 

Rodei o shopping inteiro e não consegui encontrar nada que se incluísse nos meus critérios (preto, quente e comprido). Resultado, vamos ao St. Stephen's Green hoje antes de ir a imigração.

N

segunda-feira, março 08, 2010

De volta a Dublin

Voltar a postar depois de muito tempo ausente é sempre difícil. Ao invés de ficar recapitulando, escrevendo sobre o último mês (o casamento, os Sorensen em SP, a lua de mel e a despedida), vou simplesmente escrever sobre o presente e tentar escrever todos os dias. Pelo menos enquanto ainda não estou trabalhando. 

Acordei cedo hoje, junto com I. que voltou ao trabalho depois de 4 semanas de férias. Me senti meio perdida, pois a casa ainda está uma bagunça e não sabia ao certo o que fazer. Tomamos café, e depois que I. saiu, aproveitei para olhar as notícias e verificar meu email. Aí saí para minha primeira caminhada em Dublin desde que chegamos na sexta-feira. Ao invés de caminhar pelo canal, como sempre faço, fui ao centro e passei na Dunnes para comprar umas cestas e caixas para começar a me organizar. Na volta, liguei a Globo na internet para servir de trilha sonora enquanto dava um jeito na casa (momento Amélia). Tirei as roupas da máquina e estendi-as pelo quarto. Enchi a máquina novamente. Passei parte das roupas que estavam acumuladas com a viagem. Lavei a louça, limpei o banheiro, tirei o lixo. Tudo sem stress. Depois, almocei e tomei meu banho. Desde então tenho passado o resto da tarde em frente ao computador. Coloquei fotos do casamento no Orkut. Dei minha olhadela em alguns blogs. 

I. deve estar para chegar logo. Vamos jantar e aí decido se tento vencer minha preguiça e ir ao Dundrum fazer compras no mercado e me "presentear" com um casaco novo. O meu, companheiro de tantos invernos europeus, ficou esquecido no armário do apto de A. em SP.

Amanhã quero organizar melhor minha rotina, um pouco de irnoning e unpacking, e também fazer um orçamento e voltar a estudar para o CPE.


Feliz.


N.