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quarta-feira, setembro 29, 2010

11 Semanas


Nessa semana as orelhas do meu bebê estão assumindo seu lugar correto e o local das unhas estão começando a se formar. Não sei exatamente qual a relação, mas as minhas (unhas, não orelhas) nunca estiveram tão fortes e bonitas. Diga-se de passagem, essa é o unico bom sintoma da gravidez até agora.
A papelada continua a se acumular na minha mesa essa manhã, mas optei por procrastinar. Daqui há uma hora saio para encontrar minha sogra para almoçar. Depois do almoço ao invés de voltar ao escritório vou para a terapia, cujo horário teve que ser adiantado já que saímos para jantar com os sogros hoje novamente. Antes de voltar para casa, tenho que comprar papel de presente (e embrulhar o presente da sogra e do cunhado antes do jantar), e aproveitando vou comprar um livro de nomes de bebê, acredite, por insistência de I. (juro)
Apesar dos dois nomes já estarem praticamente escolhidos, eu ainda quero ter uma segunda opção. Mas esse asssunto eu deixo para um outro post.
N.

terça-feira, setembro 28, 2010

Esperando


Escrevi no meu status no msn outro dia “esperando um bebê”. Aí vem minha irmã (a única pessoa que fala comigo no msn), e me diz para mudar. Ao pedir sugestões, ela me disse que eu deveria escrever “grávida” porque “esperando um bebê” parecia pouco caso, como se eu estivesse esperando pelo ônibus ou pelo bolo ficar pronto.
Fiquei pensando e cheguei a conclusão de que é praticamente a mesma coisa. Só que ao invés dos 10 minutos que eu normalmente espero pelo ônibus, e 40 pelo bolo, essa espera vai levar ainda pouco mais de 6 meses (a partir de agora). Talvez a felicidade trazida pela chegada de um bebê seja maior no final das contas (pelo menos é isso que todo mundo que já tem filhos diz), mesmo eu gostando muito de bolo recém saído do forno, e sinta algo muito próximo à felicidade quando vejo meu ônibus virando a esquina.
O problema maior é que eu odeio esperar, mas nesse caso nao há absolutamente nada que se possa fazer. Enquanto isso vou esperando por outras coisas.
Espero por exemplo pelo jantar com os sogros hoje à noite (no restaurante brasileiro) e pela terapia amanhã. Depois vou esperar que a quinta e a sexta passem bem rápido e meu esperado fim-de-semana chegue logo. Aí espero pelo domingo para poder votar. E depois espero mesmo é nem ver a semana passar porque na sexta-feira é meu aniversário.
E assim o tempo vai passando.
N.

quinta-feira, setembro 23, 2010

Quem passa por aqui (uma rapidinha).

Você sabia que se for lá no Google e digitar famal tomar cafe preto em copo plastico você vai acabar caindo aqui no Sealed With a Kiss?
Claro que voce não sabia. Eu sei porque o Blogpatrol, que me mostra diariamente quem passa por aqui, me contou isso essa semana. E só para tirar a dúvida eu mesma fui lá no Google (porque ultimamente não tenho muito o que fazer) e digitei a mesma besteira. E não é que o primeiro site a aparecer é o meu?

Coisas que eu não entendo parte I: famal, pra começo de conversa. Parte II: café-preto em copo plástico = faz mal (que?). Parte III: o que eu tenho a ver com isso?
Cada uma, hein.
N.
Ps. Famal é não saber falar português, nénão?

quarta-feira, setembro 22, 2010

10 Semanas



Cheguei hoje as 10 semanas e a conclusão de que estou me alimentando muito mal.
A consequência número um da minha dieta baseada em 95% carboidratos (e 5% em frutas, queijo e leite) é que continuo me arrastando de cansaço.
A segunda é que tenho engordado mais do que deveria.
Por mais que eu fique dizendo que vou mudar, vou mudar, eu não mudo coisa nenhuma. Então resolvi escrever aqui pra ver se eu crio vergonha na cara.
Mas só de pensar em comer legumes, verduras, peixe ou frango o meu estômago dá voltas.  Tudo o que eu quero é um sanduíche e queijo, queijo, queijo. Aí fica difícil.
De manhã tenho sentido menos fome, o que é  bom. Como só um pouco de ceral com leite (sempre desnatado), mas para melhorar um pouco mais, já comprei bran flakes ao invés do ceral comum. Pão, só no fim-de-semana.
Como as náusas ainda não passaram preciso comer alguma coisinha a cada 2  horas. Então, as 10:30 da manhã tenho tomado uma xícara de chocolate quente (não posso nem ver café ou chá), também com leite desnatado e sem açúcar. Não é  ideal, mas eu nao quero perder peso, só evitar engordar demais.
As 12:30, como uma maça ou banana.
Saio para almoçar as 14:00 ou 14:30 e sem trazer meu proprio sanduíche, fica meio difícil encontrar alguma coisa saudável. Acabo sempre no Meal Deal do Tesco. Ontem, por exemplo cometi o pecado de escolher o  pão branco, maionese, queijo e tomate (péssima escolha, mas não da pra fazer muito melhor). Pelo menos substituí a batatinha pelo pacotinho de frutas (que vira meu snack da tarde) e a diet coke pelo suco de laranja, mais calórico mas mais saudável.
A tarde, acabo comendo as frutinhas, um iogurte, mas é na hora do jantar que a vaca vai pro brejo. 
Então, a partir de hoje (mas sem mudanças radicais, afinal não é segunda-feira), começo a mudar o jantar dos Sorensen.
N.
p.s. Há essa altura da gravidez os pulsos, cotovelos, quadris e joelhos do meu bebê devem estar no lugar. Sabe-se lá onde estavam antes. E como um sintoma novo, ganhei um gosto metálico nojento na boca.

terça-feira, setembro 21, 2010

A minha Happy Hour



Quando ainda estava no Brasil, a hora mais feliz da minha semana era no sábado, 6 da tarde. Não só por ser o final de uma longa semana de trabalho na Cultura Inglesa e o início do meu fim-de-semana (que na verdade não passava muito de um mísero domingo), mas por ser o meu horário de psicoterapia.

Ao me mudar para cá, a princípio em caráter temporário, não achei que sentiria falta do tratamento, e de fato, nos primeiros meses não senti . Mas com o tempo passando, e os planos de voltar cada vez mais distantes,  fui sentindo cada vez mais a necessidade de retomar as sessões.

Infelizmente, alguns serviços aqui na ilha custam muito mais do que no Brasil, e dificilmente poderia arcar com os custos de consultas semanais por aqui. Tudo bem, you can’t have your cake and eat it

Há algumas semanas atrás, fui a Embaixada brasileira buscar meu titulo de eleitor e acabei encontrando alguns cartões de visita deixados pelo que parecia ser uma terapeuta brasileira oferecendo seus serviços (ela na verdade é Uruguaia,mas estudou no Brasil). Mandei um e-mail e descobri que ela cobrava somente €35 por consulta. Melhor ainda, me ofereceu a primeira grátis. E para melhorar ainda mais, me deu um desconto caso optasse por sessões semanais.
Quando agendei a consulta, ainda não sabia que estava grávida, e sentia um certo medo de entrar em depressão de novo, por conta das alterações de humor que eu nao conseguia explicar, e que só agora fazem sentido.  Mas até então, procurava mesmo por uma forma de lidar com minha ansiedade e estresse.

Com a confirmação da gravidez, o que seria só um luxo virou necessidade.

Já tive depressão duas vezes. As duas causadas pelo fato de ter nas mãos mais do que podia carregar, e de não saber muito bem o que fazer quando as coisas saem do meu controle. Algo me diz que isso se parece muito com o que vai acontecer em breve, com a chegada de um bebê,  e tudo o que eu não quero e passar por aquilo tudo de novo. Convenhamos, não e hora.

A terapia não vai impedir que isso aconteça, mas pode, definitivamente, ser mais um suporte.

A quarta-feira, passa a ser agora meu dia preferido, depois claro, da sextas.

Comecei na semana passada, e mal posso esperar pela proxima sessão, amanhã.

E feliz 9 semanas e 6 dias pra mim.

N.

terça-feira, setembro 14, 2010

Os primeiros dias

Hoje estou grávida há quase 7 dias. Quer dizer, são quase 9 semanas mas como faz menos de uma semana que eu fiquei sabendo, é esse periodo que estou contando. Estou portanto, grávida de quase 7 dias. E você tem que concordar comigo, afinal, estou grávida (quantas vezes mencionei isso num único parágrafo?) e não posso ser contrariada.

Até agora meus instintos maternos não deram as caras. A não ser que eles estejam disfarçados em forma de cansaço e vontade de fazer xixi. Se ser mãe é se sentir a beira da exaustão, e visitar o banheiro a cada 20 minutos, parabéns para mim, eu já sou uma.

Acordar de manhã tem sido uma tortura. Me manter acordada depois do almoço idem. Isso sem falar que às 8 da noite eu já estou dormindo sentada no sofá, provavelmente para compensar as inúmeras vezes que vou acordar no meio da noite pra you-know-what.

Outra coisa que aumentou consideravelmente, na mesma medida que as horas de sono que preciso, e da quantidade de urina que produzo, foi meu instinto consumista. Infelizmente nao acho que isso tenha nada a ver com estar grávida. Mas já é uma desculpa. É a desculpa que estou usando. No entanto, tenho conseguido até o momento resistir a tentação de comprar coisas para o bebê, para o quarto do bebê, roupas de grávida, ou coisas do tipo.

Não resisti aos livros. Bom, mas isso não é novidade. Assim que saí do consultório médico, parei em dois lugares: na Boots, para comprar as vitaminas receitadas, e na Hodges Figgs para comprar quantos livros sobre gravidez conseguisse carregar (e quantos coubessem no meu saldo bancário). Quebrada (financeira e fisicamente), carregando duas bolsas, duas sacolas, guarda-chuva, casaco e cachecol, e querendo obviamente fazer xixi, acabei por comprar só os dois ai de baixo. E prometi a mim mesma só comprar outros quando terminar esses que não são pequenos.


Mas aqui e acolá me permito something small porque acho que mereço. 

As náusas ou deram uma trégua, ou me acostumei a elas. O café preto (puro e sem açúcar) de todas as manhãs já não me desce mais. Não sinto vontade de comer chocolate, mas tenho jantado sempre um muffin e uma xícara de chocolate quente (eu sei , não devo).

De resto, as coisas continuam as mesmas. Como eu já havia escrito, a ficha não parece ter caído mesmo. Nem a minha, nem a de I.

Apesar de planejado, o bebê não deixou de ser uma surpresa. Ou melhor, a rapidez com que aconteceu nos surpreendeu.

O futuro pai passa bem, no entanto, e reagiu muito bem, obrigada. Depois do susto da boa notícia ele agora passa pela árdua tarefa de decidir se vai querer que a criança o chame de papai ou dad. Vida difícil a dele.

Obrigada a todo mundo que deixou um recadinho aqui no blog, ou no Facebook, no Orkut, no Twitter, por e-mail, ou sinal de fumaca. Beijos em todos.

N.

sábado, setembro 11, 2010

O lado positivo


Há pouco mais de um mês tenho sentido todos os sintomas de uma TPM daquelas. Variações absurdas de humor, crises de choro, seios doloridos, um mal estar geral. Menos o sintoma principal, por assim dizer. 

I. me disse que eu só poderia estar grávida. Ri da cara dele, explicando que isso é normal por ter parado recentemente de tomar o anticoncepcional. Mesmo assim, só para me garantir, nos primeiros dias de atraso fiz um teste de farmácia. Negativo.

Os sintomas de TPM somaram-se nas últimas semanas a um sono que não é só meu. Mesmo dormindo 12 horas (isso mesmo, metade do dia), no meio da tarde o sono vem de tal maneira que eu preciso me forçar a ficar acordada na frente do computador. Trabalhar tem sido uma tortura. Me sinto cansada o tempo inteiro.

Até aí estava tudo bem. O problema maior surgiu na terça-feira, quando no trabalho, comecei a perceber que sentia cheiro de comida e fiquei enjoada. Pior, conseguia sentir o cheiro de absurdamente tudo, mas de maneira muito mais apurada.

A noite, em casa, mal consegui jantar. Como ainda tinha um teste de gravidez sobrando, resolvi fazer antes de ir para a a cama, mas tinha certeza absoluta que o resultado seria negativo.

Quando a linha vermelha apareceu no quadradinho, seguida de outra, formando uma cruz, achei que o teste estava com defeito. E depois, uma delas era muito mais clara que a outra, o que não deixava muito claro (apesar das instruções na embalagem dizerem o contrário) se o resultado era mesmo positivo.

Chamei I. Para ele, definitivamente era positivo. E a agora? Repito o teste? Não tenho outro. A farmácia já fechou mas dá tempo de correr no Tesco ainda. 

Repeti o teste. Repetiu-se o resultado. 

Não preciso nem dizer que praticamente não consegui dormir. Assim que o alarme despertou de manhã pulei da cama e fui fazer o terceiro teste. 

Ainda não satisfeita com o terceiro resultado positivo, liguei para uma clínica e agendei uma consulta para o meu horário de almoço. 

À uma e meia da tarde saí do escritório sob chuva torrencial. Preenchi um formulário e ganhei um potinho de plástico para fazer xixi. Sob pressão, falhei. O médico me atendeu, foi bastante simpático, mas a não ser que eu quisesse passar dias esperando pelo resultado de um exame de sangue, ainda precisava fazer xixi. 

Terminei a garrafa de água que trazia comigo, tomei os quatro copos plásticos que a recepcionista me deu e ainda tive que sair para dar uma volta e comprar mais duas garrafas de água. 

Voltei ao consultório e ao sair de lá tinha a confirmação oficial de que estou grávida.

Entendi tudinho o que o médico me explicou. Que são 8 semanas agora, que preciso tomar ácido fólico, não beber, o que posso e o que não posso comer, o que precisa ser feito a partir de agora. Até entendi finalmente o porquê da vontade louca que eu andava por comer queijo. Mas o que eu queria saber mesmo, de verdade, é quando é que a ficha vai cair?

N.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Sabor de casa

Você já ouviu falar em comfort food? É o termo usado para descrever aquela comida que traz uma espécie de sensação de comforto e bem-estar. Pode ser simplesmente um doce, um chocolate, mas na maioria das vezes, é alguma coisa traz lembranças de infância. Faz parte da sua cultura. 

Como no Brasil eu nunca fui fã de carne vermelha, nem de arroz com feijão (pra mim feijão só o enlatado daqui mesmo, com torrada), não senti grandes dificuldades de me adaptar à culinária local (ou à falta dela). Mas depois um dia longo e difícil, quando tudo o que eu quero é tomar um banho e jantar, não é o curry com naan bread do I. a primeira coisa que me vem a cabeça (por mais que eu goste do curry que ele faz). Nessas horas tudo o que eu quero é o bife a parmegiana com arroz branco e batata-frita da minha mãe. 

Ultimamente eu andei enlouquecida com a ideia de comer comida brasileira. Tentei comprar pão-de-queijo (sem ser aquele de pacotinho pronto), mas com o fracasso da tentativa me restou mesmo procurar por um restaurante brasileiro em Dublin.

E não é que existe um mesmo? Não encontrei o website, mas li algumas (boas) críticas online, na maioria escritas por irlandeses. Ligamos e me surpreendi com a impossibilidade de fazer uma reserva para aquele fim-de-semana. O lugar estava lotado. Apesar de ser um restaurante bem pequeno, ainda assim achei que era um bom sinal. 

Esperei ansiosa a semana inteira. Finalmente a sexta-feira chegou. Chegamos cedo, e o restaurante ainda estava vazio. Fomos atendidos por um irlandês com pinta de ser o dono do lugar. Optamos por uma mesa na parte de cima  (o restaurante todo não deve ter mais do que meia dúzia de mesas) e me surpreendi com a decoração. Não muito moderna, é verdade, mas para quem estava esperando um lugar com cara de "casa" ao invés de um restaurante mesmo, achei até bonito. A música de fundo, era claro MPB, que não se repetiu se quer uma vez durante todo o tempo em que passamos lá.

Pedimos caipirinhas (€10.00 cada), feitas com cachaça mesmo. Tão forte que uma só foi suficiente para me deixar meio tonta. Passei o resto da noite a base de guaraná (€3.00 a lata), que sem que eu pedisse, veio com uma fatia enorme de laranja, me fazendo lembrar de como eu tomava guaraná no Brasil.

De entrada, I. pediu os pastéis, acompanhados de molho de pimenta e vinagrete. Eu escolhi os pães-de-queijo (servidos com duas espécies de patê). Cada entrada custou €6.00.



Antes disso nos ofereceram como pré-entrada, uma fatia de pão italiano com beringela, que estava absolutamente deliciosa. E antes do prato principal, sorbet para limpar o paladar.

Ou seja, nem mesmo tinha pedido o prato principal e já estava cheia. Mesmo assim, escolhi, claro o bife à parmegiana, acompanhado de arroz branco e legumes (€25.00), I. ficou com o risoto de frutos do mar (€23.00).




Não consegui, nem com a ajuda de I. terminar o prato, mas guardei um cantinho para a sobremesa: pudim de leite condensado (€5.00). O café, infelizmente, eu tive que deixar para uma próxima vez.


Saí de lá um pouco mais pobre, mas bem mais feliz. Esperava simplesmente matar minha vontade de comida que ao menos me lembrasse um pouco de casa, mas acabei me surpreendendo com a qualidade do restaurante. O serviço foi impecável, o ambiente agradável, e a comida, quase tão boa quanto a da minha mãe. Com toda certeza, voltaremos.

Fica a dica. O Sabor Brazil fica na 50 Pleasants Street (uma travessa da Camden Street), Dublin 8, e o telefone é 01 - 4750304. Vale a pena dizer, o chef é mineiro.

N.

p.s. quando saímos o restaurante estava lotado, mas nenhum brasileiro por perto.


terça-feira, setembro 07, 2010

Programa de Gordo e Programa de Indio

Dois sábados e duas das minhas coisas preferidas no mundo, que são assim, digamos, não muito convencionais.

Sábado 29 de Agosto. I., eu e um casal de brasileiros que conhecemos recentemente, recém chegados na Irlanda, fomos ao Juniors Cafe (que fica em Ballsbridge, pertinho de casa) para o melhor full Irish breakfast servido em Dublin.

Sim, café-da-manhã não é só a minha refeição preferida mas é daquelas coisas que não falham nunca em me fazer feliz. Não precisa nem ser super especial não. Uma xícara de café instantâneo (porque eu já desisti faz tempo de fazer café só pra mim) e uma fatia de torrada com manteiga já são suficientes para melhorar meu dia de maneira considerável.

Gosto tanto, tanto que I. e eu criamos uma tradição. Uma vez por mês, pelo menos, vamos a um lugar bacana para tomar café-da-manhã.

O full Irish não é normalmente minha primeira opção, só em ocasiões especiais (leia-se "ressaca"), mas o do Juniors, apesar de custar um pouco mais (€12), realmente vale a pena não tanto pela quantidade, mas pela qualidade. O feijão, por exemplo, não parece nada com aquele enlatado que você compra no supermercado, e o pão é caseiro.

Se você não sabe o que é um full Irish breakfast, trata-se de um prato contendo normalmente: sausages (que aqui são de porco), ovos (normalmente estrelados), bacon, tomates, batatas, cogumelos, feijão (meio adocicado, servido com uma espécie de molho de tomate), black pudding e white pudding (duas espécies de sausage feitas com sangue e gordura de porco), e uma fatia de torrada.

A foto aí de baixo, é do meu prato:


Apesar de não ter comido nada a manhã inteira (já eram quase 2 da tarde), não consegui deixá-lo limpo  como havia prometido. Na verdade não gostei do cogumelo, não sou muito fã de tomate, e não dei conta mesmo da quantidade absurda de bacon. 



E como de costume, vou passar meses sem poder olhar para um prato desses de novo. 

Já o sábado seguinte, 04 de Setembro, amanheceu frio e chuvoso, ou seja, perfeito para ser gasto na cama.

Mesmo assim acordamos as 8 da manhã. Eu, para fazer um teste de nível na UCD (University College Dublin), I. para me levar de carro até lá.

Quando decidi que iria prestar o CPE no final do ano (not so sure about that anymore) procurei por alguma escola que oferecesse um preparatório. Me inscrevi para o placement test da UCD e decidi que faria o curso (quase €500 por 12 horas de aula), caso eles abrissem uma turma.

Como meu salário foi reduzido a quase metade do que eu esperava ganhar, e esse é o mês do aniversário de I., os planos foram por água abaixo.

Ainda assim paguei €10 de taxa, acordei cedo num sábado de frio e chuva, e fiz um teste de aproximadamente 4 horas de duração para um curso que, não, eu não vou fazer.

Por quê? Porque além de café-da-manhã eu adoro fazer prova.

N.

sábado, setembro 04, 2010

O conceito de caridade



Caridade: na expressão comum, amor ao próximo; agir por pura caridade; esmola, favor, beneficio; fazer a caridade; bondade, compaixão. Pelo menos segundo o Aurélio. Ou pelo menos segundo a versão do Aurélio que eu encontrei online.

No Brasil, a noção de caridade que, na minha opinião, a maioria (e maioria não significa todo mundo) das pessoas tem (a mesma que eu tinha aos 12 anos) é aquela do Criança Esperança. Caridade em conta, anual e indolor. Você assiste um bando de global sem talento, faz uma ligação do sofá de casa, o dinheiro é debitado diretamente da sua conta telefônica e todo mundo fica feliz. Você não se sente culpado por não ajudar e também não precisa manter o menor contato com whoever você tenha ajudado. Assim, quando aquela criança pobre e negra bater na janela do seu carro pedindo dinheiro você pode tranquilamente fingir que ela não está ali.

Na mesma época em que comecei a me questionar se isso era realmente o máximo que se podia ser feito, algo me dizia que isso não acontecia somente em país pobre, não. Na verdade, a dica veio do George Michael, que em 1990, cantava que "caridade é um casaco que você duas vezes por ano".

Aqui ilha vizinha a do George Michael também não é tudo perfeito. Prova disso são aquelas pessoas de colete verde (eu sinceramente não me lembro agora o nome da organização para a qual elas trabalham) raising awareness por aí, e se dizendo voluntárias. Não são voluntárias coisa nenhuma porque são pagas para fazer aquilo.

Não que não exista muita gente fazendo trabalho voluntário por aqui. Existe de monte.

E para não falar só de coisa ruim, uma das coisas que eu acho que os irlandeses deveriam se orgulhar muito é o fato de que as pessoas que estão pelas ruas pedindo esmola são tratadas, pela grande maioria, como gente. Ou seja, quando elas falam com você, elas merecem uma resposta. Mesmo que seja uma negativa ao pedido de trocado. Aqui ser pobre não é ser indigente. 

Mas o assunto me veio à cabeça depois de acompanhar a trabalheira danada que meu marido está tendo para conseguir uma "celebridade" para fazer uma aparição voluntária numa campanha para uma associação de luta contra o câncer aqui na Irlanda. Se você mora por aqui, sabe de quem eu estou falando.

A campanha em si, que já aconteceu no ano passado, mas sem a resposta esperada, pede que você mulher e seu grupo de amigas, que normalmente se reúne para sair, ao invés de gastar dinheiro numa night out, organize uma festa em casa, economize a grana e doe para o projeto de luta contra o câncer de mama. 

Para lançar a campanha uma dessas nights in está sendo organizada na casa de uma colega de trabalho de I. Recebi um convite e aceitei de bom grado.

Depois de ter aceitado, I. me contou um segredo. A idéia era convidar uma celebridade irlandesa (homem, bonito e famoso, obviamente) para aparecer de surpresa e se juntar as meninas.

Quando nenhum irlandês se mostrou disponível, ou caridoso, eles passaram a procurar qualquer outro homem bonito e relativamente famoso, irlandês ou não (eu sugeri Sir Paul McCartney, já que para conhecê-lo pessoalmente eu doaria meu seio direito para a campanha, mas acho que não gostaram da sugestão).

Até o final dessa semana a celebridade mais provável para aceitar o trabalho era o ator de TV americano (que deve ser tão mesquinho que está fazendo até propaganda para a L'Oreal), daquela série sobre médicos e hospitais que eu nunca assisti e não tenho a menor vontade de assistir. Não, não estou falando de House.

Acontece que o tal do ator está pedindo uma puta grana para aparecer, além de 3 passagens aéreas de primeira classe (Nova York - Dublin) e hospedagem em hotel 5 estrelas, o que custaria ao projeto uma grana absurdamente alta.

Que ele receba passagens e acomodação para ele somente  (afinal é só uma noite), eu até entendo (em partes, é verdade), mas o que há de caridade em cobrar para fazer a tal da aparição? Claro, eu também entendo que o cara não deve trabalhar de graça e aceitar todo e qualquer convite de toda e qualquer instituição de caridade, mas se for assim, uma vez por ano, que seja, ele não vai ficar assim tão mais pobre, né?

Quer dizer então que eu, e mais outras tantas garotas, deixaríamos de sair, passaríamos a noite na casa de um de nós, doaríamos o dinheiro que seria gasto na noitada para combater o câncer de mama, enquanto o bonito engorda sua conta bancária? Ou pior, o dinheiro arrecadado seria mesmo usado na luta contra o câncer ou para pagar cachê de ator?

Sou eu, ou as coisas andam meio distorcidas?

N.