. Caio Fernando Abreu .
Eu sempre gostei da frase acima, e ela sempre fez sentido pra mim, quando eu tinha pouco ou quase nenhum tempo livre. Engraçado é que hoje ela ainda me diz muita coisa, mesmo numa situação totalmente oposta.
Como eu escrevi no post anterior, o que eu tenho de sobra agora é tempo livre. Isso não quer dizer que eu esteja absolutamente entendiada, nem que eu passe o dia vendo TV (concordo com a K., que comentou no post, que se estivesse fazendo isso estaria mesmo me sentindo péssima). Também não quer dizer que eu possa fazer tudo o que eu tenho vontade, pois ainda existe a restrição do dinheiro. Sair para fazer compras, por exemplo, totalmente fora de cogitação.
Por enquanto ainda também não dá para voltar a estudar. Todos os cursos que a princípio me interessariam são caros. Com dois casamentos no mesmo ano, ou melhor, dentro de um período de 5 meses, não há marido assalariado que consiga bancar. Quer dizer, deve haver, mas não é o meu. E também para fazer qualquer coisa, só porque custa pouco, eu prefiro ficar em casa.
Preencher o meu dia então exige um certo talento, que olha só, eu descobri que tenho. Em primeiro lugar, porque não vejo problema nenhum em aproveitar da minha própria companhia. Em segundo, porque eu tenho muito menos ética protestante do que tradição greco-romana. Ou seja, sou admitidamente fã do ócio-criativo ao invés do trabalho duro.
Morar em Dublin também facilita minha vida. Quase sempre que o tempo permite, e diga-se de passagem ultimamente os dias de sol têm até me surpreendido, saio para caminhar. Olho a paisagem, as pessoas na rua, a arquitetura. Vou ver o movimento no centro. Ou dou uma corrida pelo canal, ao lado de casa, para me exercitar.
Na terça foi assim que passei praticamente minha manhã toda. Na Merrion Square, com um livro como companhia. Li, escrevi, almocei, vi crianças de escola brincando. Na volta para casa, horas na internet tentando escolher flores para meu buquet de noiva. Prender o cabelo ou não. E-mails para a sogra de férias na Espanha. Devo usar véu?
Antes disso, na segunda, doei um pouco do meu tempo e comecei um trabalho voluntário na St. Ann's Church. Conheci pessoas e saí de lá leve, leve.
Na quarta, estudei espanhol e francês. Sozinha, pelo Rosetta Stone. Comecei a assistir uma temporada nova de House. Pratiquei meus passos de salsa.
Hoje, ainda aproveitando uma manhã linda de sol, distribui CV's nas escolas de inglês, onde eu toparia um trabalho de recepcionista ou secretária tranquilamente. Também fiz uma hora de bicicleta ergométrica. Cozinhei.
Todos os dias ainda dei conta de todas as tarefas de casa, de ler as revistas que eu leio normalmente, as notícias na internet, pôr minha vida virtual em dia (com e-mails respondidos e devidamente deletados). Tirei sonecas após o almoço. Estudei para o meu exame de motorista. Fiz planos.
E no final do dia ainda é como se não tivesse dado tempo de fazer tudo.
Minha ocupação atual? Ser feliz.
N.
3 comentários:
Ser feliz é a melhor ocupação.
Quando tiveer que aparecer algo pra vc, vai aparecer :)
Bjs
É isso aí.
Oh, manda seu curriculo para o Instituto Sandford, pra ensinar portugues! Quando meu marido estudou lá pra aprender nosso idioma, eles cancelaram uma turma pq nao tinha professor. Eles tem um curso de "portugues do Brasil" e tem classes tanto la na faculdade, em D16 ou ai na Marrion Square. Nao tenho mais o numero, mas é só olhar no google.
Enjoy your self.
Bjo
Oi Ana, valeu a dica. Mandei um curriculo já.
Manu, obrigada pelo incentivo.
Bjos pras duas,
N.
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