Quinta-feira. Não tinha um dia bom assim desde, errr... hummm... bom, desde que a TPM resolveu atacar muito (mas muito) antecipadamente. Faz tanto tempo que eu já nem me lembro mais.
Enfim, dia sem problemas no trabalho, com muito o que fazer, mas sem estresse, e sem meu chefe estragando meu horário de almoço (como na quarta-feira).
Prometi a mim mesma que teria uma noite de paz. Para isso fiz a lista mental das coisas que não faria de jeito nenhum:
1. Não dar a mínima para a quantidade de roupa esperando para ser passada, para ser lavada, para ser estirada ou guardada, nem para a louça suja do café da manhã e muito menos para a cama desfeita.
2. Não gritar com I. pelo fato de ele não ter feito nenhuma das coisas acima.
3. Não gritar com I. por ter deixado os sapatos (e vários outros pertences) espalhados pela casa.
4. Não gritar com I. por não largar do I-Pad.
5. Não chorar, a não ser por um bom motivo (o que não inclui o fato das roupas não terem sido passadas, lavadas, estiradas, guardadas, a louça suja do café da manhã, a cama desfeita, nem mesmo os gritos com I.)
Pronto. 5 items que teoricamente me garantiriam não só uma noite tranquila, mas a durabilidade do meu casamento. Easy-peasy.
Feliz com a minha lista (eu absolutamente ADORO listas), me dei ao luxo de pegar o ônibus de volta para casa, economizar 20 minutos do meu precioso tempo, descansar minhas pernas e exercitar minha cabeça com um bom livro.
Mais ou menos no meio do caminho, levanto meus olhos do livro (One Day, David Nicholls) e percebo que um senhor muito bem vestido, em pé esperando para descer, tentava falar comigo.
- Sorry? (eu realmente estava prestando atenção só no livro)
- Nice book, eh?
- I read it in one sitting.
- I know, I can't put it down.
E assim o homem se despediu e desceu do ônibus com um largo sorriso. Eu fiquei lá pensando comigo mesma que é esse tipo de pessoa que eu queria ser. O tipo que interrompe alguém no meio da leitura só para dividir a apreciação pelo mesmo livro, assim, rápida e educadamente.
Se eu fosse uma pessoa assim acho que eu não me importaria com as roupas que não foram passadas, lavadas, estiradas, guardadas, a louça suja do café da manhã ou a cama desfeita. Acho também que aquele senhor não gritaria com I. Não que ele tenha motivo algum para tanto, anyways.
Enfim, não sei se foi a minha lista, ou o senhor no ônibus, mas o fato é que o dia acabou, e eu não me importei nem um segundo sequer comas roupas que não foram passadas, lavadas, estiradas, guardadas, a louça suja do café da manhã ou a cama desfeita. Nem gritei com I, nem chorei.
Um dia eu vou ser aquela pessoa.
N.
p.s. a propósito, o livro é mesmo muito bom. É com se eu tivesse 20 anos de novo e estivesse lendo Nick Hornby pela primeira vez.
4 comentários:
Caramba, adorei esse tiozinho! Vou até ler o livro em homenagem a ele. Que vc tenha mais dias assim.
bjos
Tb fiquei com vontade de ler esse livro!!
E espero que o tiozinho inspire ainda muitos outros dias bons na sua vida. Lembre dele sempre que começar a ficar brava...
Comentário de anônimo eu deleto.
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