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domingo, julho 04, 2010

Os sacrifícios que eu não faço.

"I'm always in pain! My earrings are heavy and my heels are hurting - they hurt all the time. But you know, you have to sacrifice for beauty. You just get kind o numb after a while." (Beyoncé)




A frase aí de cima foi publicada no mês passado numa revista feminina do Reino Unido com circulação aqui na Irlanda também.

Para defesa da Beyoncé, a frase não tem contexto nenhum. Está assim solta no meio de uma página com outras mil coisas. E honestamente não sei ela foi mal interpretada.

De qualquer jeito, me chamou a atenção. E de maneira negativa. Nada contra a Beyoncé (que eu nem gosto nem desgosto), só para deixar claro. 

O meu problema é com essa obsessão doentia com beleza que nada tem a ver com bem-estar.

Eu sei que não deve existir uma mulher na face da terra que nunca tenha usado um sapato que machucasse por algumas horas, um brinco muito pesado, ou que nunca tenha passado por nenhum procedimento que cause pelo menos desconforto, se não dor. You know, depilação, sobrancelha, massagem linfática, etc., etc,. Mas sentir dor constantemente só para estar sempre impecável eu já acho um pouco demais.

Eu tento me exercitar e comer direito com certa frequência, muito mais por me sentir bem do que em busca da barriga da Shakira, porque isso exigiria um esforço absurdo, horas e horas e horas de exercício físico e abrir mão de comer e beber praticamente tudo o que é bom. Então não é que eu não queira a barriga da Shakira, mas eu simplesmente optei por levar uma vida normal.

Já fiz cirurgia plástica (uma) e até preenchimento (uma vez também) de uma linha de expressão no rosto  (mas não botox!), e faria de novo, se pudesse pagar e desde que não virasse rotina. Mas não perco horas do meu dia numa academia, simplesmente porque prefiro usar meu tempo de outra maneira. Ao invés disso, faço ergométrica em casa (ao mesmo tempo em que leio um livro) ou saio para uma caminhada ao ar livre (quando o tempo permite). Não vivo de alface e não abro mão de uma dose ou duas de bebida alcólica no fim-de-semana, mas evito açúcar, não tomo refrigerante, e sobremesas se restringem ao sábado e domingo ou ocasiões especiais. Não enfrento o desconforto de saltos altos mas encaro a depilação numa boa. Ou seja, vivo com moderação e faço tudo o que gosto. 

Posso não ser tão bonita quanto a Beyoncé (e definitivamente não tenho a grana que ela tem), mas poderia apostar que sou mais feliz. Pelo menos para os meus padrões. De beleza e de vida.

N.

PS.: ou vai dizer que ela está confortável nesse vestido? 

5 comentários:

F.Pamplona disse...

Saborear os prazeres da vida — como beber umas cervejas ou passear de bermuda e chinelo pelas ruas — estão muito acima na minha escala de felicidade do que aparentar físico e visual perfeitos em busca de comentários positivos.

O bom de ser anônimo é não precisar prestar satisfações. Ser eu mesmo, relaxado, nem aí pra opinião alheia.

Abraços!

Mr. Lemos disse...

Isso que é filosofia! Muita comida e muita bebida para deixar nosso corpo feliz de verdade. Sem contar que cerveja é mais saudável do que alface. Apoiada!

Manu Martins disse...

Ja foi a epoca que eu me matava em cima de um salto.
Hj sou feliz com meu all star e minhas havaianas :P

Bjs

Blog da Pandinha disse...

Ní, li esse post no domingo a noite e refleti um montão sobre ele. Voltei outras vezes e reli. Estou obesa, por vários motivos. Mas não faria jamais loucuras para ter corpinho de Miss. Tenho que emagrecer pela minha saúde, mas sei que as pessoas me aceitam como sou, principalmente o marido, então, o que importa mesmo é ser feliz! Beijos

BiLL disse...

Esse post foi maravilhoso. Eu cheguei num ponto (no fim de 2008) em que eu realmente não me sentia bem com meu corpo. Eu estava muito acima do peso e o que se seguiu foi uma série de "sacrifícios alimentares". Pra mim, valeu muito a pena. Estou longe de ter barriga tanquinho, músculos e peitoral, mas já me sinto bem melhor. No seu casamento, por exemplo, eu usei uma camisa que antes simplesmente NÃO FECHAVA em mim (aliás, tinha até um rasgo na manga que eu só vi na festa)! Enfim, até certo ponto vale a pena SIM se sacrificar, se exercitar ou até recorrer à medicina, mas passar a vida em busca de um padrão impossível de beleza é absurdo.