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terça-feira, abril 13, 2010

Híbrida

"Quem diria que viver ia dar nisso."
. Caio Fernando Abreu. 

Eu escrevi ontem que estou ficando cada vez mais brasileira e menos brasileira ao mesmo tempo. Também me sinto cada vez menos estrangeira, mas nunca vou ser irlandesa. Ou seja, eu sou metade e metade.

Acabei chegando a conclusão, depois de falar ao telefone com a minha sogra (não sobre isso), de que vai sempre ser um pouco assim. 

O sotaque inglês ainda denuncia que mesmo depois de 32 anos na Irlanda, ela não é daqui. Depois de 32 anos ela ainda chama o 26 de Dezembro de 'Boxing Day' (para os irlandeses esse é o 'St. Stephen's Day'). E tem mais umas "inglesices" aí que eu não lembro agora. E olha que além de a língua ser a mesma, a diferença cultural é muito menor entre ingleses e irlandeses. 

Mas o blog é meu, então o post é sobre as minhas "brasileirices". Eu ainda sou brasileira porque:

Eu ouço música brasileira (mais do que ouvia quando morava no Brasil). Basicamente as mesmas coisas que eu já escutava (Flávio Venturini, Chico Buarque, Milton Nascimento, Tom Jobim, Elis Regina), mas com mais frequência. Acho que é a falta de falar/ouvir português. Não conheço brasileiros aqui, e as conversas com minha mãe no telefonem se resumem a:
- Oi filha, tudo bem? Saudades de você.
- Saudades também mãe. Como estão as coisas aí?
- Tudo bem. E vc?
- Estou bem, mãe.
- Manda um beijo pro I.
- Mando sim, mãe. Beijo.
- Tchau.
- Tchau.

Eu escrevo em Português. Não é mais fácil, mas de novo é vontade de manter contato com a minha língua materna. 

Eu sinto falta de novela e de assistir a Globo as vezes. Não, eu não me orgulho disso. (e eu sei que tem crase, mas não sei acentuar direito com o mac!!)

No meu armário da cozinha tem café pilão, bis, bolo de fubá e bolacha de maizena. E eu sempre dou uma passadinha na lojinha brasileira perto da Grafton, só para ver se tem alguma coisa "diferente" para eu comprar. 

Na minha estante tem Machado de Assis e Caio Fernando Abreu. Na verdade sempre teve, mas sinto mais necessidade de literatura brasileira. 

Eu tenho saudade de cinema nacional.

Eu chorei quando o Rio foi escolhido para sediar as Olimpíadas. E eu nem sou carioca. E eu quero estar no Brasil para a Copa do Mundo de 2014.

Eu quis, por escolha própria, passar minha lua-de-mel no Brasil (mas odiei Búzios).

Eu tiro a cutícula. 

Eu queira que minha cozinha (e banheiro) tivesse um ralo.

Os porquês de ser menos estrangeira ficam para o próximo post.

N

2 comentários:

Ana Flavia disse...

Cada dia eu me identifico mais com vc.
Tb quero estar no Rio para a Copa e as Olimpiadas *coitado do meu bolso/ se o Rio ja eh caro.

Nao fui a buzios mas o Rio mesmo amei de paixao.

bjo

Pamela disse...

Nívea,

Sabe o que é engraçado sobre essa questão de ser brasileira/estrangeira? É que me sinto um ET estando no Brasil muito frequentemente haha É difícil aceitar certas peculuaridades do nosso país! Estou indo para o Oriente mês que vem e se eu me sentir super em casa, isso sim vai ser estranho hahah Como é isso pra vc? Bjão!