Eu nunca gostei de ser o centro das atenções. Algumas pessoas acham que isso é timidez, sendo o tímido justamente aquele que acha que todos os olhares estão sempre sobre ele. Não me importo com as teorias e nem acho que isso seja problema ou que tenha me impedido de viver do jeito que eu bem quis. Me fez, ao contrário, até bem, já que tive muitas vez que aprender a conviver com o medo de falar em público.
A primeira vez foi em 1998, na faculdade. Estudava História mas não queria ser professora. Como o curso era de licenciatura e bacharelado, eu queria mesmo era me tornar Historiadora. No entanto, não consegui me livrar das matérias pedagógicas, dentre elas a de Práticas de Ensino. Todos os alunos deveriam então, dar a sua aula, como se o resto da sala, incluindo o professor, fossem seus alunos. Eu que sempre fui muito boa aluna, e sabia tudo o que fazer na teoria, na prática percebi que não conseguiria fazê-lo. Bom, não o fiz, porque antes disso a depressão fez com que eu abandonasse o curso que eu viria a concluir só anos mais tarde.
Foi em 2001 ou em 2002, não me lembro bem, que decidi retornar e me graduar, finalmente, em História. Impressionante como as mesmas matérias, muitas vezes com os mesmos professores, se tornaram coisas extremamente diferentes quando eu já não era mais tão criança. Naquela época, aos 18/19 anos eu não tinha mesmo a maturidade necessária para entender certas coisas. Sim, há males que vêm mesmo para o bem. Eu já conseguia levantar meu braço e dar minha opinião nas aulas, e apesar do medo e do frio na barriga, e de ter pensado em desistir, enfrentei a classe e dei minha aula sobre a Coluna Prestes.
Passei num concurso público e estava decidida a me dar uma chance e virar professora. Na mesma época, enquanto aguardava a abertura das vagas no governo do estado (ou seria a prefeitura?), comecei a procurar por aulas de inglês. Não tinha nenhuma experiência e procurei por escolas pequenas, onde achei que teria uma chance. A primeira tentativa de apresentar uma aula ao coordenador foi um fracasso. Estava muito nervosa. Ele me deu uma segunda chance me pediu que voltasse. Voltei, de novo enfrentando um medo absurdo, mas não consegui a vaga. Não desisiti e alguns meses depois estava dando aulas na Ready. Obviamente, sem muito apoio pedagógico e sem saber muito bem o que estava fazendo. Mesmo assim os alunos gostavam de mim e eu me sentia cada vez mais confiante.
Foi um semestre depois que entreguei um CV no CNA Penha. A prova escrita, a entrevista com S. (hoje um dos meus melhores amigos) e o pré-treinamento foi tranquilo. Aprendi muitas coisas. No último dia, apresentei meu micro-teaching junto com outros 4 ou 5 candidatos. Foi um pouco mais fácil, por ter uma noção do que era esperado de mim, do que podia ou não fazer. Ainda assim, eu não sei como consegui segurar um pouco o nervosismo que mesmo aparente, não me impediu de fazer aquilo bem-feito a ponto de ser selecionada para o treinamento oficial na matriz da escola.
Mais do mesmo. Nova apresentação de aula, mas desta vez para um público muito, muito maior. Um auditório cheio de candidatos. Minha letra no quadro branco saiu tremida, e o relatório que eu li anos depois, dizia mesmo que eu estava muito nervosa, mas fui aprovada no processo seletivo e passei lá os melhores anos, se não da minha vida, mas da carreira.
Enfim, o medo foi vencido mas sempre senti um friozinho na barriga antes de entrar em sala de aula. Mesmo depois de estar na Cultura Inglesa.
Mas escrevi tudo isso para falar mesmo da minha absoluta falta de vontade de chamar a atenção ao caminhar em direção ao altar da igreja. Eu, que nunca quis me casar, me vejo agora tentando de todas as maneiras chamar menos atenção possível. Difícil, já que tudo "conspira" para que o contrário aconteça. Me caso de noiva, mas o vestido não é branco, branco.... nem merengue. Também não haverá véu ou grinalda (nem ao menos sei a diferença), ou coroa. Também não haverá a "marcha nupcial". Entro na igreja ao som de outra música. Mas isso eu deixo de surpresa. E os outros dilemas, para um próximo post.
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